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Manteiga: rica em colesterol e gordura saturada – ligação com doenças cardiovasculares.

Margarina (cremes vegetais, as versões para barrar): gorduras mono e sobretudo polinsaturadas (algumas com “ómega 3”) e não esquecendo as que contêm esteróis que “reduzem activamente o colesterol”, em algumas específicas (com efeitos muito moderados e apenas nos níveis de colesterol sanguíneo). Não têm colesterol.

Mas há mais do que apenas gordura em ambos:
– a quantidade de ácido fólico e de vitamina B12 é superior na manteiga, assim como em selénio e em zinco
– já a margarina tem maior quantidade das vitaminas A, E e K e também de cálcio e potássio

Em geral, o ideal:

Na verdade não há ideal, ambas têm vantagens e desvantagens.

O que aconselho?

– optar por creme vegetal, idealmente magro ou light e melhor ainda com esteróis vegetais é interessante
– o consumo moderado de manteiga é permitido, enquadrado num estilo de vida saudável, sobretudo para aqueles que têm níveis de colesterol elevados

Como gordura, no “variar está o ganho”, embora a os cremes vegetais (margarina) tenham uma composição mais equilibrada a este nível.

Cuidado: opte pelas que não contém gordura hidrogenada na sua composição.

 

Sugiro que vejam o vídeo completo no Canal Nutrição com Coração do Jornal de Notícias:  Manteiga ou margarina? A nutricionista Ana Bravo esclarece (jn.pt)

“Só como salada e não emagreço!” “Cortei radicalmente nos hidratos e o meu peso não baixa.” – são inúmeras as vezes que ouço estes desabafos.

É muito comum, em dietas de emagrecimento realizadas por autogestão, as pessoas optarem por reduzir drasticamente os hidratos de carbono. Nestes casos, quem gosta de legumes e de hortaliça passa a preencher mais o prato com estes alimentos, para “compensar” a falta de batata, de arroz ou de massa. Utiliza então maiores quantidades de gordura para temperar essa maior quantidade de hortícolas. Ora, as gorduras são, de todos os nutrientes que nos fornecem calorias, os mais calóricos (importa saber que 1g de hidratos tem 4Kcal e 1g de gordura tem mais do dobro, 9Kcal), o que muitas vezes é desvalorizado ou esquecido por quem pratica planos de restrição alimentar. O princípio é sempre o mesmo: se ingerirmos mais do que gastamos, acabaremos por engordar.

Quanto às saladas, mesmo as que preparamos em casa, às vezes são compostas por uma tão grande variedade de alimentos, que acabam por nos fazer perder a noção de que comemos mais do que “uma simples e inofensiva salada” – que era limitada a alface, tomate, pimento, pepino, cebola… É importante deixar claro que nem todas as opções correspondem a saladas hipocalóricas.

O que temos, então, nos pratos da imagem?

Prato com arroz

80g peito frango grelhado
40g arroz cozido, simples
60g salada simples (folhas verdes, tomate e cenoura) temperada com 1 🥄 chá (4g) azeite

Prato sem arroz
80g peito frango grelhado
salada composta, com:
  140g abacate
  5g miolo noz
  60g milho cozido
  85g – folhas verdes, tomate e cenoura
temperada com 2 🥄🥄 sopa (24g) azeite

Conclusão: achamos que estamos a eliminar as principais fontes de hidratos de carbono (neste caso o arroz) mas juntamos milho à salada. Juntamos mais gordura para temperar uma salada maior. Muitas pessoas pensariam que o prato com arroz tem mais calorias, mas a diferença é clara e o mais calórico, neste caso, é o que é acompanhado “apenas” com salada!

Só emagrecemos se ingerirmos menos calorias do que gastamos. Faz mais sentido pensarmos o que comemos e fazermo-lo com equilíbrio e sem restrições que não fazem sentido. Concordam?

Qual costumam utilizar: azeite ou óleo?
Afinal, qual devemos escolher para as nossas receitas?
O azeite resiste às temperaturas utilizadas nos vários tipos de confecção e apresenta a melhor proporção das gorduras que o constituí.
Já os óleos são muito diferentes, sendo que alguns resistem bem ao calor, como o  óleo de amendoim e outros nem tanto, como o óleo de coco. Também em termos de proporção de gorduras os óleos não são iguais: os mais interessantes são o de amendoim e girassol e os menos interessantes o de coco, palma e a mistura de óleos (o chamado “óleo alimentar”).
Podem encontrar várias opções destes alimentos, AQUI.

Antes de mais, o que são?

O óleo de palma é um óleo extraído da polpa da fruta da palmeira. É constituído em cerca de 50% por gordura saturada, 40% gordura monoinsaturada e 10% gordura polinsaturada, líquido à temperatura ambiente.

Quando não sujeito a processos de refinação nem qualquer outra manipulação industrial, é rico em vitamina E, carotenos e fitoesteróis, todos eles importantes antioxidantes. Quando manipulado para uma mais eficaz e/ou rápida extração, perde estes compostos e altera-se a qualidade das gorduras que o compõem originalmente. Ora é este óleo de palma manipulado, hidrogenado, alterado, que é maioritariamente utilizado pela indústria alimentar!

O óleo de coco é obtido esmagando e pressionando a frio a semente seca do coco. É constituído em cerca de 90% por gordura saturada e sólido à temperatura ambiente.

 

Um pouco de química…

Apesar de serem ambos maioritariamente compostos por gordura saturada (prejudicial para a saúde cardiovascular), convém primeiro explicar que a gordura não é toda igual. Quando se fala em gordura alimentar estamos a falar de triglicerídeos. Estes compostos são formados por 1 parte de glicerol e 3 partes de gordura (ácidos gordos, que podem ser iguais ou não). A par disto temos de considerar o tamanho: ácidos gordos com 2 a 6 átomos de carbono são considerados “de cadeia curta”, 8 a 12 “de cadeia média” e com 14 ou mais “de cadeia longa”. Os ácidos gordos de cadeia curta e média não são digeridos, absorvidos nem transportados pelo corpo da mesma forma que os restantes, por isso têm uma contribuição diferente sobre o metabolismo das gorduras, no fígado. Por outro lado, as gorduras de cadeia longa já sofrem um transporte mais lento, pelas quilomicras, tendo de ser reorganizados nos vasos linfáticos e transportados para o fígado, antes de serem distribuídos para o organismo. Enquanto que os primeiros servem quase unicamente como fonte energética, estes últimos servem de base à produção de várias substâncias como o colesterol, vitamina D e algumas hormonas.

O principal ácido gordo do óleo de palma é o ácido palmítico (16 átomos de carbono): uma gordura saturada de cadeia longa. À primeira vista parece péssimo, mas quando olhamos com atenção sobre a sua bioquímica percebemos que não: o ácido palmítico solidifica à temperatura ambiente e está localizado maioritariamente nas posições exteriores dos triglicerídeos. Isto faz com que este seja o primeiro alvo das enzimas digestivas. O que lhe acontece então? É maioritariamente excretado pelas fezes sob a forma de sais de cálcio. A reduzida percentagem de ácido palmítico que se encontra na posição interior é absorvido e entra no metabolismo do colesterol onde acaba por ter um papel pouco importante, já que a maioria das gorduras do óleo de palma que contribuem para este metabolismo acabam por ser as insaturadas.

O principal ácido gordo do óleo de coco (representa cerca de metade das gorduras saturadas) é o ácido láurico (12 átomos de carbono): uma gordura “de cadeia média”, mas que se comporta como uma gordura de cadeia longa pois cerca de 75% é absorvida pelos mesmos mecanismos que esta. O óleo de coco não pode então ser comparado aos triglicerídeos de cadeia média “puros” (protetores da saúde cardiovascular), pois estes são constituídos quase exclusivamente (>94%) por ácido cáprico e caprílico (10 e 8 átomos de carbono, respetivamente), gorduras diferentes do ácido láurico em termos de absorção, estrutura e metabolismo. Quando comparado com outras gorduras saturadas, como a manteiga, óleo de palma e outras gorduras animais, o óleo de coco não apresenta vantagens que tenham evidência científica, ou seja, não há qualquer benefício em trocar estas gorduras por óleo de coco.

O limite de temperatura de cozedura que cada um aguenta faz com que não possam ter utilizações idênticas. O óleo de palma não refinado aguenta temperaturas elevadas até aos 230ºC enquanto o óleo de coco aguenta apenas temperaturas a rondar os 165ºC. Acima destas temperaturas ambos produzem compostos cancerígenos.

 

Afinal, qual o seu impacto na saúde?

EM RESUMO, o óleo de palma natural é um líquido baço e avermelhado, rico em gordura saturada, mas também em antioxidantes. A sua absorção pelo organismo não lhe confere qualquer característica maléfica para o organismo, principalmente quando consumido dentro das recomendações gerais, ou seja, em que a gordura total contribua para <30% das calorias totais da dieta. O problema hoje em dia é que este óleo, dadas as suas propriedades químicas versáteis, é utilizado numa multiplicidade de produtos alimentares e de higiene e, segundo alguns estudos, na maioria dos casos não é utilizado na sua forma original, sendo frequentemente manipulado para otimizar as suas aplicações industriais, com a consequência de, neste processo, serem produzidos outros compostos, alguns deles cancerígenos. A diminuição do consumo de produtos alimentares processados ajuda a reduzir o risco de efeitos adversos sobre a saúde, por parte do óleo de palma. Por outro lado, o óleo de coco apresenta evidências contraditórias. Os estudos feitos em comparação com manteiga, gorduras vegetais e outras gorduras animais, mostram que o óleo de coco não é melhor do que as gorduras vegetais, mas é melhor do que a manteiga e é semelhante ao óleo de palma. Vantagens adicionais encontradas em algumas populações estudadas devem-se mais ao restante estilo de vida e alimentação do que ao óleo de coco especificamente.

                A conclusão genérica, no que diz respeito à saúde cardiovascular, mantém-se: consuma pouca gordura e, desta, apenas um terço no máximo deve provir de gorduras saturadas: óleo de coco, de palma e manteiga, sejam naturais ou adicionados a alimentos processados.

No momento de ir às compras é importante prestar atenção aos rótulos.
Por vezes o açúcar está “escondido” na lista de ingredientes.

Fique atento a estes nomes:

  • Sacarose
  • Glicose ou glucose
  • Dextrose
  • Maltose
  • Frutose
  • Lactose
  • Galactose
  • Malto-dextrina
  • Xarope de glicose
  • Xarope de milho
  • Xarope de açúcar amarelo ou de agave
  • Mel
  • Melaço
  • Concentrados de frutas

Alguns são mais fáceis de reconhecer:

  • Açúcar mascavado
  • Açúcar amarelo
  • Açúcar “light”
  • Açúcar demerara
  • Açúcar invertido
  • Açúcar cristalizado
  • Açúcar de coco
  • Açúcar de pasteleiro ou “icing sugar”
  • Açúcar orgânico
  • Açúcar refinado

Ao ler os rótulos deve também ter em atenção as gorduras. Opte o mais possível por alimentos com gorduras mono e polinsaturadas e evite os que contêm gorduras saturadas, hidrogenadas e trans.

O sal e os aditivos também devem ser considerados e quanto menos, melhor. Quanto mais extensa for a lista de aditivos no rótulo (artificiais) mais deve resistir ao produto em causa.

Imagem retirada do meu livro “Corpo de Verão o Ano Inteiro”

 

Parecendo que não se aplica à nossa realidade, nada melhor do que ler o que se passa noutros países para nos fazer pensar. 

Um estudo publicado há uns dias refere os métodos de confecção típicos dos países da zona sul da Ásia e comenta a utilização de óleos para fritar, a frequência de consumo de alimentos fritos e salteados assim como as temperaturas de cozedura. Como referido nesse artigo, não é novidade que os óleos que utilizamos para cozinhar devem ser de boa qualidade nutricional (azeite, óleo de linhaça ou de amendoim), e que o tempo e temperatura de cozeduras devem ser os menores possível. Obviamente, por contraste, também é verdade que, para se conseguir cozinhar um alimento em algum tipo de gordura, tal terá terá que acontecer a uma temperatura superior a 150ºC, o que significa que, mesmo estas boas gorduras, se irão deteriorar e resultar num acréscimo não só de calorias, mas também de má gordura e outros compostos que entretanto são criados e acrescentados ao produto final. Tal significa que estamos a elevar o potencial carcinogénico e de afectação cardiovascular da nossa alimentação!

Então o que temos de fazer, será a solução ingerir apenas alimentos grelhados e cozidos? Bem, isso seria o ideal, se o grelhado não fosse feito até o alimento ficar com as marcas escuras da grelha e o cozido fosse a vapor. Tal significaria que dominávamos as técnicas de conservação, preparação prévia e tempero e que pouca cozedura seria necessária subsequentemente para termos o alimento pronto a consumir.

Não terá que ser assim. O objetivo é principalmente alertar que as gorduras não são todas iguais, não têm a mesma proporção de bons e maus ácidos gordos (ómega-3 e ómega-6/saturados/trans, respectivamente), e que a temperatura afecta a composição nutricional (proteínas, açúcares, vitaminas e minerais) do alimento, bem como das gorduras em que o cozinhamos.

Assim, recomenda-se que a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas (origem animal), ómega-6 trans (óleos vegetais, bolos/biscoitos, bolachas, fritos de forma geralseja mais reduzida e que a ingestão de alimentos ricos em ómega-3 (peixes gordos, frutos oleaginoso e sementes) seja superior. Desta forma, o saldo pró- e anti- “inflamatório” destes componentes será favorável à saúde humana.

Voltando ao artigo, o que se passa na China, por exemplo, é sintomático do cenário atual: a ocidentalização dos hábitos alimentares leva a crescentes taxas de obesidade, diabetes, hipertensão, cancro e doenças cardiovasculares. Há cada vez mais evidência científica (e por isso menos dúvidas) que a alimentação tem um papel preponderante neste binómio saúde-doença. Os hábitos alimentares enraizados de algumas culturas do sul da Ásia e médio oriente (elevado consumo de fritos, em maus óleos) também contribuem para taxas elevadas destas doenças.

Aconselho que leiam os rótulos, se informem sobre o que se vão ingerir, cozinhem menos tempo, a menores temperaturas e, assim, melhor! Que se invista na educação, no gosto pela cozinha, dando atenção também a todos os passos prévios à cozedura! Deixem-se os hábitos de cozinha rápida e pré-cozinhada, pobre nutricionalmente e até mesmo nociva por ser rica nestas gorduras e não só …

Veja a notícia na íntegra aqui.