Parecendo que não se aplica à nossa realidade, nada melhor do que ler o que se passa noutros países para nos fazer pensar. 

Um estudo publicado há uns dias refere os métodos de confecção típicos dos países da zona sul da Ásia e comenta a utilização de óleos para fritar, a frequência de consumo de alimentos fritos e salteados assim como as temperaturas de cozedura. Como referido nesse artigo, não é novidade que os óleos que utilizamos para cozinhar devem ser de boa qualidade nutricional (azeite, óleo de linhaça ou de amendoim), e que o tempo e temperatura de cozeduras devem ser os menores possível. Obviamente, por contraste, também é verdade que, para se conseguir cozinhar um alimento em algum tipo de gordura, tal terá terá que acontecer a uma temperatura superior a 150ºC, o que significa que, mesmo estas boas gorduras, se irão deteriorar e resultar num acréscimo não só de calorias, mas também de má gordura e outros compostos que entretanto são criados e acrescentados ao produto final. Tal significa que estamos a elevar o potencial carcinogénico e de afectação cardiovascular da nossa alimentação!

Então o que temos de fazer, será a solução ingerir apenas alimentos grelhados e cozidos? Bem, isso seria o ideal, se o grelhado não fosse feito até o alimento ficar com as marcas escuras da grelha e o cozido fosse a vapor. Tal significaria que dominávamos as técnicas de conservação, preparação prévia e tempero e que pouca cozedura seria necessária subsequentemente para termos o alimento pronto a consumir.

Não terá que ser assim. O objetivo é principalmente alertar que as gorduras não são todas iguais, não têm a mesma proporção de bons e maus ácidos gordos (ómega-3 e ómega-6/saturados/trans, respectivamente), e que a temperatura afecta a composição nutricional (proteínas, açúcares, vitaminas e minerais) do alimento, bem como das gorduras em que o cozinhamos.

Assim, recomenda-se que a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas (origem animal), ómega-6 trans (óleos vegetais, bolos/biscoitos, bolachas, fritos de forma geralseja mais reduzida e que a ingestão de alimentos ricos em ómega-3 (peixes gordos, frutos oleaginoso e sementes) seja superior. Desta forma, o saldo pró- e anti- “inflamatório” destes componentes será favorável à saúde humana.

Voltando ao artigo, o que se passa na China, por exemplo, é sintomático do cenário atual: a ocidentalização dos hábitos alimentares leva a crescentes taxas de obesidade, diabetes, hipertensão, cancro e doenças cardiovasculares. Há cada vez mais evidência científica (e por isso menos dúvidas) que a alimentação tem um papel preponderante neste binómio saúde-doença. Os hábitos alimentares enraizados de algumas culturas do sul da Ásia e médio oriente (elevado consumo de fritos, em maus óleos) também contribuem para taxas elevadas destas doenças.

Aconselho que leiam os rótulos, se informem sobre o que se vão ingerir, cozinhem menos tempo, a menores temperaturas e, assim, melhor! Que se invista na educação, no gosto pela cozinha, dando atenção também a todos os passos prévios à cozedura! Deixem-se os hábitos de cozinha rápida e pré-cozinhada, pobre nutricionalmente e até mesmo nociva por ser rica nestas gorduras e não só …

Veja a notícia na íntegra aqui.

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Nutricionista: amante do tipo de cozinha que procura aliar saúde aos melhores sabores; Mulher: apaixonada pela verdadeira beleza das coisas mais simples; Objectivo: ser feliz na medida do possível, gostar de mim todos os dias e ajudar quem me segue, nesse mesmo caminho.

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