Ser feliz devia ser fácil. Eu acredito que não é… Somos felizes enquanto nos defendemos pouco do mundo – das desilusões, inquietações, do que não controlamos – na infância. À medida que, ainda que involuntariamente, experimentamos momentos de dor, de injustiça, de medo, começamos a criar receios e passamos a vida em busca de formas de defesa para os evitar. Gostaríamos de ser verdadeiros heróis e estar acima de tudo isso, numa imagem de banda desenhada seriamos como o génio da lâmpada, que vive leve, suspenso, aparece quando quer e está livre de todos os males. Pois, mas a vida não é assim… E ainda bem, talvez nos cansássemos de tamanha “previsibilidade”.
O indeterminado pode ser bom, desde que não soframos por antecipação, mas não estejamos totalmente desprevenidos.
É maravilhoso apaixonarmo-nos e acontece quando menos esperamos. Sim, às vezes sentimos que está na hora, mas não o conseguimos num estalar de dedos. Os maiores amores surgem quando não estavam previstos, muitas vezes nos momentos de maior turbilhão da nossa vida e por mais que não esperássemos, facilmente encontramos tempo no meio do dia imparável para o que já antes pedíamos mais de 24 horas. Aprendemos que afinal tudo é uma questão de estabelecer prioridades.
Somos felizes e até nos esquecemos de nos sentirmos gratos por essa felicidade, tantas e tantas vezes. Mas facilmente nos lamentamos quando as situação não trazem sentimentos bons, quando nos fazem sofrer. Aí sim, questionamos tudo, maldizemos, barafustamos, revoltamo-nos tantas vezes e até chegamos a pôr em causa a nossa fé.
Acredito que tudo na vida é uma lição e quer nos faça sorrir ou sofrer, há que aproveitar cada experiência para viver melhor. Precisamos de más experiências para nos fortalecermos, mas sobretudo para dar valor ao que vem mesmo sem luta, apenas para nos dar alegria! Se sorríssemos sempre, se tudo corresse às mil maravilhas, entediar-nos-ia a previsibilidade da vida, não daríamos o mesmo valor às gargalhadas e ao acalmar do coração. É bom serenar, quando se conhece o turbilhão. É ainda melhor sorrir, quando já se chorou com dor.
No meio de tudo isto, é quase impossível não compararmos a nossa vida com a de outros… Pessoas próximas, família, pessoas que admiramos, desde que não passemos a invejar. Não acho que haja mal nisso, se não passar a ser um foco para nós. É inevitável sentir compaixão pelos seres que nos rodeiam, assim como o é sentir alguma vontade de sermos como alguém ou até de termos o que alguém tem. Frustrante e quase patológico será passar a ter essa vida que admiramos como a vida principal da nossa, procurando saber tudo sobre ela, cada passo novo, a cada dia. Olharmo-nos ao espelho e querer revê-la, imitá-la. Não, isso não! Faz perder o maravilhoso livre arbítrio e individualidade!
Bom, bom mesmo, é poder serenar… Aceitar as lições da vida com a força do herói que mora cá dentro. Aceitar as derrotas, chorar de felicidade com cada alegria! Não deixar a vida andar e dar conta de que perdemos “algo” importante apenas quando já passou. Teremos sempre os nossos ídolos, mas que eles sirvam apenas como bons exemplos! Não seremos como eles… Nunca. E ainda bem! Somos maravilhosos – únicos! – e especiais para um sem numero de pessoas. E para nós… Devemos ser o nosso herói, olhar para o espelho e gostar de nós, respeitarmo-nos, querermos apenas o melhor para a nossa vida… Apenas o melhor! Talvez não seja a vida que escolhemos, mas é a que nos traz as ferramentas para encontrar a paz de espírito e a felicidade…

Antes de mais, enamoremo-nos de nós mesmos!

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Nutricionista: amante do tipo de cozinha que procura aliar saúde aos melhores sabores; Mulher: apaixonada pela verdadeira beleza das coisas mais simples; Objectivo: ser feliz na medida do possível, gostar de mim todos os dias e ajudar quem me segue, nesse mesmo caminho.

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