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O Papa Francisco, numa entrevista, deu 10 conselhos para sermos felizes.

Aqui estão eles:

 

“1 – Vive e deixa viver
Os habitantes de Roma têm um ditado e podemos partir dele para explicar a fórmula que diz: ‘Vai em frente e deixe as pessoas vão também em frente’. Vive e deixar viver é o primeiro passo da paz e felicidade.

2 – Dar-se aos outros
Se alguém estagna, corre o risco de ser egoísta. E água estagnada é a primeira a apodrecer.

3 – Move-te descansadamente
No [romance] ‘Don Segundo Sombra’ há uma coisa muito bonita, de alguém que reinterpreta a sua vida. O protagonista. Diz que em jovem era um riacho que corria entre rochas e levava tudo à frente; em adulto era um rio que andava para a frente e que na velhice se sentia em movimento, mas lentamente, descansadamente. Eu utilizaria esta imagem do poeta e romancista Ricardo Guiraldes, este último adjetivo, descansadamente. É a capacidade de se mover, de viver, com benevolência e humildade, o remanso da vida. Os anciãos têm essa sabedoria, são a memória de um povo. E um povo que não cuida dos seus anciãos não tem futuro.

4 – Brincar com as crianças
O consumismo levou-nos à ansiedade de perder a saudável cultura do ócio, de apreciar a leitura, de desfrutar a arte. Agora faço poucas confissões, mas em Buenos Aires fazia muitas e, quando via uma mãe jovem, perguntava-lhe: Quantos filhos tens? Brincas com os teus filhos? E era uma pergunta com ue não contavam, mas eu dizia-lhes que brincar com as crianças é fundamental, é sinal de uma cultura saudável. É difícil, os pais vão para o trabalho muito cedo e voltam às vezes quando os filhos já estão a dormir. É difícil, mas há que fazê-lo.

5 – Partilhar os domingos com a família
No outro dia, em Campobasso, fui a uma reunião entre o mundo da Universidade e mundo do trabalho, e todos reivindicavam que o domingo não era dia de trabalho. O domingo é para a família.

6 – Ajudar os jovens a conseguir um emprego
Temos de ser criativos com este segmento da população. Se não têm oportunidades, são atraídos pela droga. É também muito alto o índice de suicídios entre os jovens desempregados. No outro dia li algures, mas não garanto porque não é um dado científico, que haverá 75 milhões de jovens com menos de 25 anos que estão desocupados. Não chega dar-lhes de comer, há que criar cursos de um ano de canalizador, de eletricista, de costureiro. A dignidade vem de podermos levar o pão para casa.

7 – Cuidar da Natureza
Há que cuidar da criação e não estamos a fazê-lo. É um dos maiores desafios que temos pela frente.

8 – Esquecer depressa o que é negativo
A necessidade de falar mal de alguém é sinal de uma baixa auto-estima. É como se disséssemos: ‘sinto-me tão em baixo que, em vez de tentar recuperar, rebaixo o meu próximo’. Esquecer-se depressa do que é negativo é muito mais saudável.

9 – Respeitar quem pensa de forma diferente
Podemos desinquietar o outro com o nosso testemunho para que ambos possamos evoluir com esse diálogo, mas o pior que podemos fazer é o proselitismo religioso, pois ele paralisa: ‘Eu dialogo contigo para te convencer’. Isso não. Cada um dialoga a partir da sua identidade. A Igreja cresce pela sua capacidade de atração, não por proselitismo.

10 – Procurar ativamente a paz
Estamos a viver uma época com muitas guerras. Em África parecem guerras tribais, mas são mais do que isso. A guerra destrói. E temos de gritar bem alto o clamor pela paz. A paz, às vezes, dá a ideia de quietude, mas nunca é quietude, é sempre uma paz ativa.”

Texto completo,  aqui.

“Adorar como fazem os adultos!  Fingir estados de alma inanimados. Despertar as  emoções que querem calar fundo mas, num breve instante controlado, de repente, já se desvanecem. À procura de um novo despertar, inconsistente. E das repetições que, sem encher as horas, iludem o tempo e a vontade…  Adorar à superfície das palavras, vazias e fugazes, sem futuro…

Adorar como fazem as crianças! De olhar limpo e inocente. Com o brilho no olhar e o calor nos gestos. Ávidas de uma igual resposta,  apetecida. Sem querer senão amar e ser amadas. Com a palavra solta e muita emoção à flor da pele. Com a verdade nua e crua de que só a inocência é capaz.”

Este texto foi escrito por alguém que amo mais que a própria vida. Alguém que me deixa invariavelmente a pensar…
E este é um tema que muito me inquieta. Intriga-me o amor volátil que nos “prende” temporariamente hoje em dia. Temporariamente. Num tempo que tantas vezes não permite passar mais que um ou dois Natais juntos. Isto, se lá chegar!
Entristece-me esta falta de consistência, muitas vezes dou por mim a pensar que o problema é a pouca maturidade, a insatisfação constante, a necessidade – infantil – de mudança, de novidade. Mas nem sempre é assim. É injusto avaliar sem conhecer o que vive dentro de cada um de nós, o nosso passado, os receios, o fardo que transportamos…
Tantas vezes fomos criando um conto de fadas na nossa mente, que procuramos o príncipe encantado insistentemente. Mas o castelo que conseguimos construir – e “conseguimos” nem sequer devia aparecer aqui – , tantas vezes com a ânsia de finalmente acertar, após repetições sucessivas de relações fracassadas, é de lã. E é fácil perder a ponta do novelo de lã que tece esse castelo e parece que há tendência, tantas outras vezes, a criar várias pontas, todas soltas!
Há uns meses li uma entrevista da minha querida Júlia Pinheiro em que dizia «Abomino a ideia do príncipe encantado. Sou contra. Se existir algum vamos abatê-lo». A verdade é que não existem, assim como nós, mulheres, estamos longe de ser as princesas desses contos de encantar. Mas o que eu acho mesmo é que nos colocámos num pedestal, tornámo-nos egoístas e passámos a ter como certo e incontestável o facto de merecermos “o melhor”. Tanto homens como mulheres. Merecemos, claro. Ouvimos histórias de amigos e parece-nos praticamente impossível permitirmo-nos estar naquelas situações constrangedoras, que “revelam falta de amor próprio” – afinal somos os melhores e terão que nos prestar uma espécie de vassalagem, se querem ter o privilégio de ficar ao nosso lado. Pois… Mas não somos! Temos mil defeitos, se não for o mau acordar, é a necessidade de dormir demais, perdendo momentos importantes a dois, como assistir a um filme agarradinhos, durante a semana. Se não for o não chegar a casa a tempo de ajudar a fazer o jantar, é o ligar a televisão no momento da refeição, criando um silêncio ensurdecedor.
Dizia eu que nem sempre é assim, claro que não, mas a maior parte das vezes não somos tão condescendentes como deveríamos ser. A pessoa com quem nos sentimos bem não tem que ter também umas mãos lindas porque sempre o valorizámos ou porque o João, o Francisco ou a Maria têm. Sim, há aparentemente muitas opções à nossa mercê, mas se não nos dedicarmos inteira e puramente a cada pessoa, como poderemos apaixonar-nos longamente por ela? Fará sentimos dispersarmo-nos, não seremos muito mais felizes dedicando-nos a um mundo singular? Entendo que tantas vezes nos convençamos de que, se não nos permitirmos criar laços fortes, não estaremos vulneráveis, à mercê do sofrimento. Não. Não! Não viveremos, assim.  Seremos reféns de regras, manipuladores da nossa própria existência.
O “amor” dos adultos começa muitas vezes com uma carga que consciente ou inconscientemente modifica cada dia e o que devia ser livre, é controlado. “Não vou enviar mensagem para ver se ele se lembra de mim.” “Vou aparecer com uma amiga no café onde ela costuma estar à noite, para que fique na duvida e me valorize.” Que raio de histórias estas que criamos e cujo enredo cansa e nada pode trazer de puro!
O amor das crianças é uma benção! Não traz esse lixo tóxico que são as nossas teorias acerca das relações e do comportamento humano. Não traz o medo do indeterminado e a necessidade de protecção. Traz apenas a entrega, a ingenuidade, a espontaneidade que apaixona.
Não são as gargalhadas limpas que nos prendem? Os pequenos gestos puros sem necessidade de manifestações exageradas? O que nos prende uma vida inteira é o amor desinteressado, aquele que não se esconde, mas que não é pensado, simplesmente se sente e tudo flui. É o único amor que existe: o que sentem as crianças! É esse que devemos copiar…
Bem sei o quão desprotegidos ficamos quando nos entregamos assim. O amor que sentem as crianças é tão indefeso como elas mesmas… Assusta, assim, mas não será essa a razão pela qual é também tão maravilhoso?
O desafio é que nós, adultos, marcados pela vida, consigamos limpar a alma e amar outra vez de forma simples e pura, como já fizemos, como fazem as crianças!
Ilustração de João Rodrigues.

Ser feliz devia ser fácil. Eu acredito que não é… Somos felizes enquanto nos defendemos pouco do mundo – das desilusões, inquietações, do que não controlamos – na infância. À medida que, ainda que involuntariamente, experimentamos momentos de dor, de injustiça, de medo, começamos a criar receios e passamos a vida em busca de formas de defesa para os evitar. Gostaríamos de ser verdadeiros heróis e estar acima de tudo isso, numa imagem de banda desenhada seriamos como o génio da lâmpada, que vive leve, suspenso, aparece quando quer e está livre de todos os males. Pois, mas a vida não é assim… E ainda bem, talvez nos cansássemos de tamanha “previsibilidade”.
O indeterminado pode ser bom, desde que não soframos por antecipação, mas não estejamos totalmente desprevenidos.
É maravilhoso apaixonarmo-nos e acontece quando menos esperamos. Sim, às vezes sentimos que está na hora, mas não o conseguimos num estalar de dedos. Os maiores amores surgem quando não estavam previstos, muitas vezes nos momentos de maior turbilhão da nossa vida e por mais que não esperássemos, facilmente encontramos tempo no meio do dia imparável para o que já antes pedíamos mais de 24 horas. Aprendemos que afinal tudo é uma questão de estabelecer prioridades.
Somos felizes e até nos esquecemos de nos sentirmos gratos por essa felicidade, tantas e tantas vezes. Mas facilmente nos lamentamos quando as situação não trazem sentimentos bons, quando nos fazem sofrer. Aí sim, questionamos tudo, maldizemos, barafustamos, revoltamo-nos tantas vezes e até chegamos a pôr em causa a nossa fé.
Acredito que tudo na vida é uma lição e quer nos faça sorrir ou sofrer, há que aproveitar cada experiência para viver melhor. Precisamos de más experiências para nos fortalecermos, mas sobretudo para dar valor ao que vem mesmo sem luta, apenas para nos dar alegria! Se sorríssemos sempre, se tudo corresse às mil maravilhas, entediar-nos-ia a previsibilidade da vida, não daríamos o mesmo valor às gargalhadas e ao acalmar do coração. É bom serenar, quando se conhece o turbilhão. É ainda melhor sorrir, quando já se chorou com dor.
No meio de tudo isto, é quase impossível não compararmos a nossa vida com a de outros… Pessoas próximas, família, pessoas que admiramos, desde que não passemos a invejar. Não acho que haja mal nisso, se não passar a ser um foco para nós. É inevitável sentir compaixão pelos seres que nos rodeiam, assim como o é sentir alguma vontade de sermos como alguém ou até de termos o que alguém tem. Frustrante e quase patológico será passar a ter essa vida que admiramos como a vida principal da nossa, procurando saber tudo sobre ela, cada passo novo, a cada dia. Olharmo-nos ao espelho e querer revê-la, imitá-la. Não, isso não! Faz perder o maravilhoso livre arbítrio e individualidade!
Bom, bom mesmo, é poder serenar… Aceitar as lições da vida com a força do herói que mora cá dentro. Aceitar as derrotas, chorar de felicidade com cada alegria! Não deixar a vida andar e dar conta de que perdemos “algo” importante apenas quando já passou. Teremos sempre os nossos ídolos, mas que eles sirvam apenas como bons exemplos! Não seremos como eles… Nunca. E ainda bem! Somos maravilhosos – únicos! – e especiais para um sem numero de pessoas. E para nós… Devemos ser o nosso herói, olhar para o espelho e gostar de nós, respeitarmo-nos, querermos apenas o melhor para a nossa vida… Apenas o melhor! Talvez não seja a vida que escolhemos, mas é a que nos traz as ferramentas para encontrar a paz de espírito e a felicidade…

Antes de mais, enamoremo-nos de nós mesmos!