É admirável esta entrevista que José Tolentino de Mendonça concedeu ao Jornal Público.

Deixo-vos este excerto (e no final o link para a lerem na íntegra) esperando que observem cada uma das suas palavras com a mesma atenção e com o mesmo prazer com que eu as observei!

“Ficamos presos ao imediato…

Isso faz de nós pessoas mais desencontradas consigo mesmas. Esta sociedade da satisfação imediata deixa-nos muito insatisfeitos porque vivemos num mecanismo de viciamento e impulso, e não vivemos por ter alimentado, dentro de nós, de forma paciente, longa, discernida, demorada, um grande desejo, uma verdadeira vontade, um sopro de liberdade, de criatividade. Mas vivemos neste condicionamento.

Isto reflecte-se em todas as dimensões da nossa vida: é assim com as necessidades elementares da vida e é assim com as nossas relações uns com os outros, que acabam por ser, também, de consumo. Acabamos por nos consumir uns aos outros e não há um verdadeiro encontro, uma verdadeira espera, uma hospitalidade autêntica do outro. Diminuímos a nossa capacidade de esperar uns pelos outros: ou é no imediato ou já não funciona. E essa aceleração antropológica – que as tecnologias, os emails, os telefones têm acentuado – seca-nos por dentro e desumaniza-nos. Uma sociedade de consumo é, fundamentalmente, uma sociedade desumanizada.”

 

https://www.publico.pt/2018/04/15/sociedade/entrevista/deus-e-um-problema-tambem-para-os-crentes-1810259

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Nutricionista: amante do tipo de cozinha que procura aliar saúde aos melhores sabores; Mulher: apaixonada pela verdadeira beleza das coisas mais simples; Objectivo: ser feliz na medida do possível, gostar de mim todos os dias e ajudar quem me segue, nesse mesmo caminho.

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