É com muita honra que me junto a esta iniciativa. A saúde deve ser sempre o nosso denominador comum. E esta iniciativa do Serviço Nacional de Saúde tem como objetivo tornar o que comemos nos espaços públicos mais saudável. Visa, no fundo, facilitar a vida às pessoas. Facilitar sim, porque coloca à disposição dos cidadãos, sejam eles profissionais de saúde ou outros, ou doentes/utentes ou seus acompanhantes, alternativas alimentares saudáveis em espaços que são, por definição, pilares da promoção da saúde. Tudo isto sem descurar uma oferta variada, saborosa e económica.

A indústria alimentar, a par de outros domínios do dia-a-dia, está em constante desenvolvimento e crescente expansão, procurando responder às necessidades dos consumidores, oferecendo deste modo uma ampla variedade de bens alimentares que preencham os requisitos essenciais de aceitabilidade e praticabilidade. E aceitabilidade implica componentes como a experiência sensorial e emocional, mas também o facto de ser suportável do ponto de vista económico, enquanto praticabilidade, hoje em dia, significa 3 coisas: fácil, rápido e pronto a comer. Ora, depressa e bem, há pouco quem.

E a saúde tem pago com isso. Nas últimas décadas, a alimentação dos portugueses tem-se vindo a deteriorar, à semelhança do que se tem passado noutros países, fruto das alterações na cadeia de produção, decorrentes da satisfação da pressão dos consumidores: mais açúcar, mais gorduras, mais sal.

Estamos agora a atravessar um ponto de viragem. A evidência científica tem-se acumulado, a literacia em saúde tem feito o seu caminho de uma forma discreta, os meios de comunicação são ferramentas que se têm tornado aliados fundamentais (aproveito para congratular o SNS pelo excelente uso das novas tecnologias nos últimos 2 anos, chegando ao público-alvo), como dizia, a literacia tem feito o seu caminho e o consumidor começa a mudar as suas exigências, acrescentando um requisito: ser saudável. A procura do bem-estar tem aumentado muito nesta área, abrindo portas a que os produtos sejam apelativos, práticos, saborosos e saudáveis. A dificuldade, tendo em conta o trajeto do mercado alimentar dos últimos anos, é conseguir que a matéria-prima necessária esteja acessível a todos e o produto final dentro do orçamento familiar.

Não tenho formação culinária, apenas gosto de cozinhar e de mostrar às pessoas que comer bem pode ser delicioso e simples. Junto ingredientes saudáveis e obtenho resultados incríveis, com uma variedade infindável de sabores, cores e texturas que me surpreendem todos os dias. E para cozinhar desta forma não é necessário ter ingredientes caros: basta saber fazer boas escolhas.

É preciso voltar à terra, aos sabores dos alimentos mais simples e genuínos. Não temos que ter frutos exóticos, sementes raras e muito menos que substituir o nosso azeite por óleo de coco porque está na moda. Não temos que usar pinhões ou frutos vermelhos como base das receitas de merendas nem a farinha de quinoa, trigo sarraceno ou amaranto em vez das convencionais. Conseguir receitas deliciosas juntando alimentos ricos nutricionalmente, sem excesso de gorduras, açúcar e sal, é possível. E não tem que ser mais caro.
A predisposição e a motivação talvez sejam os ingredientes mais difíceis de obter. Espero que não.
E espero que esta iniciativa agite consciências alimentares e seja o início de uma mudança de atitude mais abrangente a este nível.

Prevenir em vez de tratar!

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Nutricionista: amante do tipo de cozinha que procura aliar saúde aos melhores sabores; Mulher: apaixonada pela verdadeira beleza das coisas mais simples; Objectivo: ser feliz na medida do possível, gostar de mim todos os dias e ajudar quem me segue, nesse mesmo caminho.

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