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óleo de coco

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E desta vez proponho-vos mais um tratamento de beleza nas “Dicas da Bravo”. Nesta linha de cosmética natural hoje tem lugar um esfoliante preparado com apenas 3 ingredientes. Acreditem que o efeito é maravilhoso, a pele fica tão macia!

 

Esfoliante de matcha
4 c. sopa óleo de coco
q.b. açúcar mascavado claro
1 c. sobremesa matcha
Aquecer o óleo de coco até ficar líquido (sem ferver), adicionar açúcar até obter a consistência desejada e por fim envolver a matcha.

O “café turbinado” é mais uma invenção que está na moda.

☕ O que é, afinal?

☕ Quais os pressupostos associados?

☕ O seu uso faz sentido?

 

O “café turbinado” é mais uma invenção que está na moda. O que é, afinal? É uma mistura de café com uma fonte de gordura, a maior parte das vezes óleo de coco. A teoria por trás desta conjugação de alimentos é a de que a gordura torna a absorção de cafeína mais lenta, prolongando assim os seus efeitos. Ou seja, dito por outras palavras, a sensação de energia provocada pela cafeína é sentida durante mais tempo. A somar a este efeito, tem-se o efeito saciante da gordura, neste caso, o óleo de coco, o que implica que a pessoa aguenta mais horas sem ter vontade de comer. Estes são os princípios em que os seguidores desta mistura creem.

Podíamos fazer aqui uma pequena resenha histórica, alegando que esta mistura foi criada por um empresário, numa das suas muitas viagens, uma delas pelo Tibete. Ali, o hábito de oferecer chá de manteiga aos viajantes tem o propósito de lhes dar uma bebida quente e energética para o árduo caminho que têm pela frente. Ora como empresário que é, Dave Asprey, criou a sua própria variante, juntando os efeitos benéficos do café, com os da gordura da moda, o óleo de coco (há quem faça esta mistura com óleo de coco e manteiga, ou com MCT e manteiga). Inclusivamente, Dave Asprey criou uma marca própria com esta mistura de gorduras com café, alegadamente mais puros e isentos de manipulação artificial e/ou industrial.

Na verdade, nada disto foi provado até ao momento. Ao fazer uma breve pesquisa sobre esta opção alimentar, a verdade é que não se encontra um único estudo científico publicado em nenhuma das bases de dados de artigos científicos existentes, que prove ou refute qualquer uma das alegações que é feita, por isso vamos apenas aos factos que são conhecidos.

Quais são, então, os objetivos de usar esta mistura alimentar? No meu entender vejo apenas um objetivo possível:

A “moda” da fuga aos hidratos de carbono como fonte energética e incentivo a uma espécie de jejum intermitente

Mas esta abordagem peca por vários defeitos:

1- ingerir gordura não parece atrasar a absorção da cafeína, pois a cafeína é hidrossolúvel e tem uma biodisponibilidade de 99-100%, ou seja, é totalmente aproveitada pelo organismo entre 15 e 45 minutos após a sua ingestão;

2- a duração dos efeitos da cafeína (3 a 5 horas) não é influenciada pela ingestão de alimentos, mas sim por outros factores, como a genética, problemas renais ou hepáticos, ou hábitos tabágicos; ou seja, a sensação prolongada de energia e ausência de apetite relaciona-se com os corpos cetónicos resultantes do metabolismo das gorduras;

3- o óleo de coco é rico em gordura de cadeia média (mas não é 100% de cadeia média), e o seu metabolismo tem sido alvo de estudo,mas não apresenta vantagens quando comparado com alguns óleos e azeite;

4- os MCT são 100% gordura de cadeia média, apresentando uma bioquímica e metabolismo mais protector de doença cardiovascular, mas os estudos sobre estes efeitos são também ainda inconclusivos para que se possa recomendar o seu consumo diário;

5- ingerir gordura como fonte energética é possível nas dietas cetogénicas, nas quais não se substitui os hidratos de carbono apenas numa refeição, mas sim em todas; ou seja, um café turbinado por si só, não fará o metabolismo energético da pessoa utilizar essa gordura como fonte energética o resto do dia, mas sim apenas nesse momento inicial;

6- um pequeno-almoço com cerca de 400-500 calorias, baseadas num nutriente único, não parece ser muito equilibrado;

7- o paladar deste pequeno-almoço pode não ser o mais consensual entre o público-geral.

Antes de mais, o que são?

O óleo de palma é um óleo extraído da polpa da fruta da palmeira. É constituído em cerca de 50% por gordura saturada, 40% gordura monoinsaturada e 10% gordura polinsaturada, líquido à temperatura ambiente.

Quando não sujeito a processos de refinação nem qualquer outra manipulação industrial, é rico em vitamina E, carotenos e fitoesteróis, todos eles importantes antioxidantes. Quando manipulado para uma mais eficaz e/ou rápida extração, perde estes compostos e altera-se a qualidade das gorduras que o compõem originalmente. Ora é este óleo de palma manipulado, hidrogenado, alterado, que é maioritariamente utilizado pela indústria alimentar!

O óleo de coco é obtido esmagando e pressionando a frio a semente seca do coco. É constituído em cerca de 90% por gordura saturada e sólido à temperatura ambiente.

 

Um pouco de química…

Apesar de serem ambos maioritariamente compostos por gordura saturada (prejudicial para a saúde cardiovascular), convém primeiro explicar que a gordura não é toda igual. Quando se fala em gordura alimentar estamos a falar de triglicerídeos. Estes compostos são formados por 1 parte de glicerol e 3 partes de gordura (ácidos gordos, que podem ser iguais ou não). A par disto temos de considerar o tamanho: ácidos gordos com 2 a 6 átomos de carbono são considerados “de cadeia curta”, 8 a 12 “de cadeia média” e com 14 ou mais “de cadeia longa”. Os ácidos gordos de cadeia curta e média não são digeridos, absorvidos nem transportados pelo corpo da mesma forma que os restantes, por isso têm uma contribuição diferente sobre o metabolismo das gorduras, no fígado. Por outro lado, as gorduras de cadeia longa já sofrem um transporte mais lento, pelas quilomicras, tendo de ser reorganizados nos vasos linfáticos e transportados para o fígado, antes de serem distribuídos para o organismo. Enquanto que os primeiros servem quase unicamente como fonte energética, estes últimos servem de base à produção de várias substâncias como o colesterol, vitamina D e algumas hormonas.

O principal ácido gordo do óleo de palma é o ácido palmítico (16 átomos de carbono): uma gordura saturada de cadeia longa. À primeira vista parece péssimo, mas quando olhamos com atenção sobre a sua bioquímica percebemos que não: o ácido palmítico solidifica à temperatura ambiente e está localizado maioritariamente nas posições exteriores dos triglicerídeos. Isto faz com que este seja o primeiro alvo das enzimas digestivas. O que lhe acontece então? É maioritariamente excretado pelas fezes sob a forma de sais de cálcio. A reduzida percentagem de ácido palmítico que se encontra na posição interior é absorvido e entra no metabolismo do colesterol onde acaba por ter um papel pouco importante, já que a maioria das gorduras do óleo de palma que contribuem para este metabolismo acabam por ser as insaturadas.

O principal ácido gordo do óleo de coco (representa cerca de metade das gorduras saturadas) é o ácido láurico (12 átomos de carbono): uma gordura “de cadeia média”, mas que se comporta como uma gordura de cadeia longa pois cerca de 75% é absorvida pelos mesmos mecanismos que esta. O óleo de coco não pode então ser comparado aos triglicerídeos de cadeia média “puros” (protetores da saúde cardiovascular), pois estes são constituídos quase exclusivamente (>94%) por ácido cáprico e caprílico (10 e 8 átomos de carbono, respetivamente), gorduras diferentes do ácido láurico em termos de absorção, estrutura e metabolismo. Quando comparado com outras gorduras saturadas, como a manteiga, óleo de palma e outras gorduras animais, o óleo de coco não apresenta vantagens que tenham evidência científica, ou seja, não há qualquer benefício em trocar estas gorduras por óleo de coco.

O limite de temperatura de cozedura que cada um aguenta faz com que não possam ter utilizações idênticas. O óleo de palma não refinado aguenta temperaturas elevadas até aos 230ºC enquanto o óleo de coco aguenta apenas temperaturas a rondar os 165ºC. Acima destas temperaturas ambos produzem compostos cancerígenos.

 

Afinal, qual o seu impacto na saúde?

EM RESUMO, o óleo de palma natural é um líquido baço e avermelhado, rico em gordura saturada, mas também em antioxidantes. A sua absorção pelo organismo não lhe confere qualquer característica maléfica para o organismo, principalmente quando consumido dentro das recomendações gerais, ou seja, em que a gordura total contribua para <30% das calorias totais da dieta. O problema hoje em dia é que este óleo, dadas as suas propriedades químicas versáteis, é utilizado numa multiplicidade de produtos alimentares e de higiene e, segundo alguns estudos, na maioria dos casos não é utilizado na sua forma original, sendo frequentemente manipulado para otimizar as suas aplicações industriais, com a consequência de, neste processo, serem produzidos outros compostos, alguns deles cancerígenos. A diminuição do consumo de produtos alimentares processados ajuda a reduzir o risco de efeitos adversos sobre a saúde, por parte do óleo de palma. Por outro lado, o óleo de coco apresenta evidências contraditórias. Os estudos feitos em comparação com manteiga, gorduras vegetais e outras gorduras animais, mostram que o óleo de coco não é melhor do que as gorduras vegetais, mas é melhor do que a manteiga e é semelhante ao óleo de palma. Vantagens adicionais encontradas em algumas populações estudadas devem-se mais ao restante estilo de vida e alimentação do que ao óleo de coco especificamente.

                A conclusão genérica, no que diz respeito à saúde cardiovascular, mantém-se: consuma pouca gordura e, desta, apenas um terço no máximo deve provir de gorduras saturadas: óleo de coco, de palma e manteiga, sejam naturais ou adicionados a alimentos processados.