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receita caseira

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Adoro grãomeletes! Vocês gostam? Acho tão interessante esta forma que a cozinha vegetariana/vegan adoptou para “substituir” a omelete. Nutricionalmente não é exactamente igual, é verdade, mas é muito interessante ter uma base proteica, também com hidratos de carbono. Para equilibrar a refeição principal só falta juntar os legumes e dar aquele toque especial com salicórnia.

Pois foi o que fizemos, eu e a minha Kiki, para o nosso almoço.

Usámos, para cada uma:
– 1 chávena de grão-de-bico cozido
– 3/4 da mesma chávena, de água
– qb temperos a gosto (usei ervas secas)
– qb legumes a gosto para servir

O grão-de-bico e a água foram formar uma massa homogénea num liquidificador. Temperámos com ervas.
Cozinhámos numa frigideira antiaderente, para não usarmos gordura.
Servimos com legumes cozinhados com alho e azeite no wok.

Só para que conste, comi a minha e umas garfadas da da Kiki.

Preparar receitas saudáveis cheias de sabor é possível. Para substituir o sal, porque não usar salicórnia?

Já provaram?

Ensopado de legumes (2 pessoas)
2 fatias de pão
1 colher de sopa de azeite
1 colher de sopa de pimento vermelho picado
1 dente de alho
1 cenoura
1 curgete
1/2 folha de louro
1 colher de chá de salicórnia
q.b. água

Coloquei num tacho o azeite com o louro, o pimento vermelho e o alho laminado. Levei ao lume e adicionei a salicórnia, a cenoura cortada em rodelas e a curgete cortada em pedaços. Juntei água quente suficiente para cobrir todos os legumes.
Quando os legumes estavam quase cozinhados, tostei as duas de pão.
Prove e, se achar necessário, deite um pouco mais de salicórnia antes de desligar.
Servi com o pão.

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Com dias a ficarem mais frios, a comida de aconchego já começa a saber bem!

Aqui fica uma sugestão simples mas e deliciosa.

Brás rico (2 pessoas)
200g bacalhau desfiado Riberalves
2 batatas (tamanho de 1 ovo)
1 cenoura
1/2 cebola
1 dente de alho picado
1/2 colher de chá de ervas secas a gosto
q.b. salsa picada
1/2 chávena bebida vegetal (ou leite)
1 colher de sopa de azeite

Programei o forno a 190 graus.
Coloquei o azeite num tacho com a cebola picada, o alho e as ervas secas.
Levei ao lume e, logo que a cebola ficou translúcida, adicionei o bacalhau seguido da cenoura e da batata raladas e da salsa.
Cozinhou em lume brando (adicione bebida vegetal ou leite aos poucos, sempre que necessário).
A mistura deve ficar cremosa, depois de cozinhar cerca de 10 minutos.
Transferi o preparado para um recipiente de ir ao forno, onde cozinhou cerca de 20 minutos (até ficar dourado).
Servi quente.

Mais uma “receitinha” da Mãe Bravo, cheia de “inhos”, ternura e um sabor sem igual.

Vou contar-vos um segredo: as mães têm magia no coração e nas mãos! É por isso que sentimos calor no seu abraço, aconchego no seu colinho… e é também por isso que tudo que elas cozinham é tão, tão, mas tãooooo bom!

Este arroz cheira a Trás-os-Montes, onde vivemos até eu entrar na universidade. Lembro-me bem da D. Rita, a vizinha velhinha que morava na casa em frente à nossa, nos levar legumes fresquinhos e feijão… as suas mãos ásperas do trabalho no campo e os seus olhos cheios de doçura.

Bons tempos esses em que aquela pequena aldeia era a nossa casa. O ar era mais puro, o pôr do sol visto do alto do monte era revigorante. E lá estou eu … já sabem que me perco a falar e a escrever… Vamos lá à descrição desta receita tão simples, tão portuguesa, tão cheia de amor e preparada com alimentos do mundo vegetal, descrita tal e qual como a mãe Bravo o fez:

Cebola picada miudinha, louro e azeite são os primeiros ingredientes das minhas receitas, quase sempre. Nem precisas de perguntar esta parte, Aninha. – e aqueles olhos doces a sair dos meus para olhar para o tacho. – Quando a cebola está translúcida juntam-se os grelos e vai-se mexendo com a colher de pau até estarem ligeiramente cozidos. Então acrescenta-se o arroz, dá-se uma voltinha – e dançamos! – e vamos deitando a água. Como é um arroz malandrinho uso 3 chávenas de água para 1 de arroz e já sabes que para este tipo, assim, a querer fugir no prato, uso o carolino. Pronto! – Mãezinha, falta o feijão… – Ah! O feijão entra no fim porque já está cozido, mais um fiozinho de azeite e serve-se. E eu consolo-me só de ver esta loirinha linda a cozinhar e de ouvir a sua descrição. Tem uma voz doce e os seus gestos são tão delicados… sempre quis ser como esta mãe! A minha mãe. A nossa mãe Bravo. Ai que encher imenso deste coração. Há dias em que jantamos mais cedo. Porque sim. Só mesmo porque sim e hoje é um desses dias!

É bom não seguir sempre regras e usar o “porque sim” e os “inhos”, não é?

-Mãezinha, podes dar-nos a receita do almoço bom que fizeste hoje? – Dou, pois. Escreve lá: bastante cebola e alho picadinhos, 3 folhas de louro, azeite. (Começa pelos ingredientes mas raramente diz quantidades…) – Que quantidade, mãezinha? – Óh Ana, eu não sei, sabes que faço a olho mas se te referes ao azeite já sabes que eu não uso cá as tuas doses mini mini. (Adoro este ar de menina reivindicativa!) e continua: Vai ao lume até a cebola ficar transparente e então junta-se tomate maduro partido aos bocadinhos muito pequeninos (inhos com mais inhos, mesmo à mãe Bravo!) e vai falando: Mas mesmo tomate, não é aquele já preparado. Ah! E uma pitadinha de açúcar para quebrar a acidez do tomate. Ai, não olhes para mim assim, eu disse uma pitadinha, não disse uma colher. Queres a receita ou não queres, Ana Luísa? (Eh, lá. Para tudo. Já estamos noutro patamar. “Ana Luísa” impõe respeito, mesmo com aquele olhar verde terno.) e segue: Tampa-se, para ir cozinhando com amor, devagarinho. Noutro recipiente coloca-se água a aquecer. Numa taça junta-se a farinha de pau com água fria, para desfazer, assim fica sem grumos. O segredo é bater bem nesta parte. Junta-se esta mistura ao tacho anterior. Vais mexendo e se achares que é necessário podes juntar mais água, da tal que se aquece à parte. Há pessoas que gostam de uma textura mais consistente, outras mais líquida… por isso juntam essa água conforme o seu gosto. Quando começar a fazer uma espécie de bolhas quer dizer que está cozinhada. Pode-se juntar a fonte proteica que se quiser – eu juntei tofu em pedaços logo no início, com a cebola e o tomate. No final aromatiza-se com umas folhinhas de hortelã e está pronto a servir e a saborear. Escreve aí: não se mistura a água de uma vez, deve-se ir mexendo e ir juntando à medida que for necessário, aos pouquinhos. Com paciência e amor. E depois vem a partilha – numa mesa bonita e sem telefones pelo meio, não é? (Pensei que vinha a “Ana Luísa ” outra vez, mas sorri-lhe com os olhos e derreteu-se num sorriso bom, mas bom!)

Ah, ternura boa esta que é ter um colinho de mãe.

Gostaram? Vão preparar para vocês? Para os vossos filhos, maridos, mulheres, pais… contem, para quem?

 

A mãe Bravo não falha, eis a receita  exactamente como me ditou:

“Cebola, louro, alho… Ana, escreve: bastante cebola às rodelas: uma camada. Mais uma camada de batatas, também às rodelas, depois uma de tomate fresco partidinho aos cubinhos. [Dois “inhos” na mesma frase, que maravilha!] Entra o tofu esfarelado, outra camada de cebola e outra de batata. Quem gostar pode pôr pimentos de várias cores. Rega-se bem com azeite [agora já diz esta parte sem falar mais baixinho, só me olha com aquele ar de mãe reguila com olhos de amor] e deixa-se cozinhar lentamente, agitando o tacho para não pegar. Quando começar a ferver passar para o mínimo é cozinha sempre assim, em lume brando.”

É um amor esta mãe Bravo e a sua cozinha saudável e feliz, não é?