Tag

nutrientes

Browsing

Antes de mais, a proteína é um macronutriente constituído por uma sequência (mais ou menos longa) de aminoácidos (que são, portanto, as suas unidades estruturais), alguns dos quais podem ser produzidos pelo nosso organismo, outros (chamados “essenciais”) temos  que obter através dos alimentos.
O aminoácido que existe em menor quantidade (ou que não existe) numa proteína, vai limitar a capacidade de o organismo aproveitar os restantes aminoácidos.
A proteína é importante não só para os nossos músculos, mas também para o nosso sistema imunitário, para o transporte de substâncias no sangue, para a estrutura das nossas células e tecidos e para (em última análise) a produção de energia.
A proteína é um dos nutrientes considerados essenciais na nossa alimentação: ou porque praticamos desporto e precisamos dela para a síntese e recuperação muscular, ou porque, com o envelhecimento, este nutriente se reveste de maior importância dada a perda natural de massa muscular.

E onde encontramos proteína? Há várias fontes, tanto de origem animal como de origem vegetal. Entre os alimentos de origem animal destacam-se a carne, pescado e ovos e também os lacticínios. Acerca dos de origem vegetal, viramos as nossas atenções principalmente para as leguminosas como a soja, o feijão, o grão, lentilhas e a ervilha, mas também os cereais integrais e pseudocereais (quinoa, amaranto e trigo sarraceno), os frutos oleaginosos (nozes e amendoins p.e.) e as sementes, contêm proteína.
As fontes alimentares de proteína diferem relativamente à qualidade da proteína, à sua digestibilidade e absorção e à influência dos restantes nutrientes presentes nos alimentos (a matriz alimentar) nestes processos. Em teoria, as fontes de proteína animal tendem a ser de maior qualidade e a não sofrer influências negativas dos restantes nutrientes, pelo que são melhor aproveitadas pelo organismo. Mas será que isso tem impacto na saúde humana, ou mais especificamente na síntese de proteínas musculares? Ainda não há consenso.

O que se sabe é que a proteína whey, também conhecida por proteína do soro do leite (representa 20% do total de proteína dos laticínios), é uma proteína completa, com todos os aminoácidos essenciais em quantidade significativa, com elevada digestibilidade (ao contrário da caseína, proteína que representa 80% da proteína dos lacticínios), com importante contributo para os níveis sanguíneos de leucina (um aminoácido) e por isso a mais usada no que diz respeito à suplementação, principalmente para desportistas.

A proteína da ervilha, por seu turno, – tal como acontece com outras fontes alimentares vegetais de proteína -, sofre influência de “antinutrientes” (como os taninos e o ácido fítico p.e.), que se ligam às proteínas e a inibidores das enzimas que as digerem, reduzindo a sua biodisponibilidade.
Assim, quando olhamos para os scores de digestibilidade, esta proteína surge com valores bem abaixo dos encontrados para a proteína whey (0,67 vs. 1,00).

Sugestão: Deixar as ervilhas de molho durante 12h reduz significativamente o teor destes “antinutrientes”, melhorando a absorção e biodisponibilidade das proteínas.

Quando olhamos para o impacto na saúde, os estudos mostram que, para teores de ingestão proteica superior a 30g por refeição, o tipo de proteína (whey vs. ervilha) deixa de fazer diferença sobre a síntese de massa muscular, pois a quantidade de aminoácidos é suficiente para suprir todas as necessidades deste tecido. (No entanto, para valores na ordem dos 15g-20g de proteína, a whey é de qualidade superior à da ervilha.)

Segundo a tabela da composição dos alimentos portugueses, por 100g de ervilhas frescas cruas há 6,4g de proteína e por 200ml de leite meio gordo há 6,6g de proteína.

Seja com que escolha alimentar for, dificilmente se consegue obter 25-30g de proteína numa refeição através de um alimento só, pelo que o segredo está em juntar vários alimentos proteicos. Quer a ervilha como os lacticínios trazem consigo a vantagem de outros nutrientes, como o perfil vitamínico e mineral, ao qual a ervilha acrescenta ainda o teor de fibra e antioxidantes (como os taninos!). Devemos pensar nos alimentos em toda a sua composição e complexidade, ponderando as vantagens e desvantagens e não apenas num ou noutro nutriente que os constituem.

É um mineral essencial para a saúde, participando:
– na formação de hemoglobina
– no processo de formação de energia
– na produção de enzimas – proteínas fundamentais

Quando as necessidades de ferro não são atingidas, as suas reservas podem esgotar, os níveis no sangue diminuem e assim também produção de hemoglobina diminui, podendo haver uma anemia por deficiência de ferro.

A anemia pode manifestar-se através de sintomas como:
– função cognitiva e imunológica prejudicadas
– alteração da capacidade de desempenhar trabalho normal ou exercício

(A anemia pode ser causada por outros factores que não apenas a deficiência de ferro.)

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a deficiência em ferro é a deficiência nutricional mais comum no mundo (população vegetariana ou não vegetariana), afetando cerca de 25% da população global.

Pode acontecer por:
Hemorragia, doenças gastrointestinais que interfiram com a sua absorção, assim como por causas alimentares, que tanto passam por uma dieta pobre neste mineral, como pela presença de nutrientes que inibem a sua absorção.

O ferro disponível nos alimentos é do tipo:
– heme (absorvido entre 15 a 35%)
– não heme (que tem uma absorção inferior, entre 2 a 20%)
Em produtos de origem animal, 40% do ferro presente é do tipo heme, e 60% é não heme, já os alimentos de origem vegetal apenas contêm ferro não heme.

Alimentos ricos em ferro heme:
carne e pescado em geral, sobretudo marisco

Alimentos ricos em ferro não-heme: leguminosas, cereais integrais, tofu, vegetais de cor verde escura, sementes, frutos gordos e tempeh

Existe interação entre nutrientes nos alimentos ou na sua combinação na mesma refeição, podendo alguns facilitar e outros dificultar a absorção de outros nutrientes.

No caso do ferro não heme:

A sua absorção pode diminuir com a presença de:
– cálcio
– fitato (presente em alimentos ricos em fibra, como sementes, leguminosas, legumes, o que pode ser minimizado por exemplo adicionando acidificantes como citrinos ou vinagre e também demolhando, por exemplo as leguminosas)
– polifenóis presentes no chá, café, especiarias (açafrão, chili) e cacau.
– cálcio, pelo que não deve ser administrado sob a forma de suplementos às refeições (sendo que não se verifica se a quantidade de cálcio for inferior a 40mg)
– baixo consumo de lisina (um aminoácido essencial encontrado particularmente em leguminosas)

Pode aumentar com a presença de:
– vitamina C – proveniente da dieta ou sob a forma de suplementos (o seu efeito é superior ao inibidor do fitato, polifenóis e do cálcio, sendo que cerca de 75mg de vitamina C aumentam a absorção do ferro não heme em 3 a 4 vezes)
– vitamina A e betacaroteno

Importante – Nenhuma deficiência em ferro, quer em vegetarianos, quer em não vegetarianos, pode ser corrigida exclusivamente pela alimentação.

👀 sugiro que vejam o vídeo completo no Canal Nutrição com ❤️ do Jornal de Notícias.