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gargalhadas

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Há memórias que nos gelam… Todas as que guardo deste dia são de um sofrimento e sensação de vazio indescritíveis.
Quando perdemos alguém que amamos, sobretudo quando acontece sem aviso, sem sequer equacionarmos que pode acontecer, parece que a vida acaba. Então, questionamo-nos se voltaremos a conseguir respirar sem o aperto asfixiante que se apodera do nosso peito, se algum dia voltaremos a sorrir com coisas simples, se teremos força para nos levantarmos da cama sem deixar a almofada molhada, com ânimo e energia, como antes. Pois bem, como antes nunca voltará a ser…
No início tudo é um esforço, temos pouco tempo para nos habituarmos à nova forma de viver. Sim, a vida continua, o trabalho não para, o despertar, adormecer, fazer tudo o que tem que ser feito… Quando se trata de um familiar, toda a nossa estrutura se desmorona, os ombros em que choramos habitualmente também choram. Sentimo-nos perdidos, desorientados, desesperados.
Caímos mais ainda em nós quando percebemos que não mais ouviremos aquela gargalhada, não voltaremos a ver aquele rosto, a sentir aquele abraço. Saímos do trabalho com uma novidade boa e pegamos no telemóvel para a partilhar com aquela pessoa… Então lembramo-nos que não há forma de o fazer. Gelamos outra vez. Choramos, caímos, sofremos. Sofremos muito. Seguem-se dias maus, intercalados com dias mais ou menos e com o passar do tempo lá vai surgindo um ou outro dia bom. Reaprendemos a viver. Temos uma resistência e resiliência incríveis! Somos quase super-heróis!
Nessas alturas encontramos uma força e uma energia que nem sabíamos existirem, dentro de nós. Porque, se há tantas memórias que nos gelam, muitas mais são as que aquecem o coração! O Pedro tinha um sorriso rasgado, genuíno, tão contagiante que não conseguia discutir com ele. Esse sorriso, os abraços, o seu amor e exemplos que me deu estão e estarão comigo, presentes em cada momento da minha vida! Ele faz parte de mim e fará. Sempre!
É verdade, por mais que pareça impossível, aprendemos a sorrir novamente, a encher o coração com mais amor, a viver das memórias boas e a deixar numa gavetinha cada vez mais pequenina as que nos magoam…
Como disse, não volta a ser como antes, mas como poderia? As pessoas marcam-nos e as que fazem parte do nosso mundo mais íntimo e genuíno, mais ainda… Um irmão marca, marca muito e ainda bem. Essas marcas farão com que nunca o perca na verdade!
A vida continua e realmente tudo vai melhorando… Reaprendemos a viver! Somos ou não somos super-heróis?