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fome emocional

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Cada um vive o seu paraíso. Ou não. Cada um finge, mais ou menos vezes, viver um paraíso. Mas é a imperfeição que torna tudo mais belo!…

Todos ansiamos a sensação de merecimento. Li algures que estamos perante uma epidemia de narcisismo. Concordo. Começámos por mostrar um pouco do que somos, com a naturalidade própria dos nossos dias, através das redes sociais. Ficávamos felizes por poder seguir mais de perto quem já admirávamos, por reencontrar colegas da infância, por criar grupos de contacto…

Tudo começou assim, mas cada vez mais se foi exacerbando o medo de sermos alguém comum. Tornámo-nos insuficientemente dignos de admiração. E corremos, nessa busca incessante. Sem pararmos para questionar se somos felizes. Mudámos o propósito das nossas vidas. Como numa imagem de telemóvel, das muitas fotografias que tiramos diariamente – não para nós mas para mostrar aos outros – o que devia ser o núcleo da nossa vida fica desfocado, para dar nitidez ao que o envolve. Se nos imaginarmos como uma esfera em camadas, aquelas a que temos vindo a dar mais enfoque, são as mais superficiais. E as mais superficiais são supérfluas, viveríamos sem elas saudavelmente, sem riscos para a nossa estrutura individual. Mas esquecemo-nos de nos cultivar. Esquecemos as camadas internas e sobretudo o núcleo. Cuidamos da forma e esquecemos o conteúdo. E de q adianta tornar tudo aparentemente tão bonito, se o que está dentro vive de uma estrutura tão frágil, que à primeira brisa se desmorona? E essa brisa não vem de dentro, mas da opinião dos outros, dos likes que conseguimos, da aceitação perante o “nosso público”.

Brincamos ao “faz de conta”, mas no final do dia, quando deitamos a cabeça na almofada, o que levamos para o sono? Receios e fragilidades. Pressões. Queremos ter as vidas perfeitas que vemos nos outros. Nada nos chega. No final do dia, só faz sentido regressarmos a nós, entregando-nos nos braços de quem amamos e sobretudo nos nossos, AMANDO-NOS.

 

Sim, faço excessos. Naturalmente. Sim, às vezes como emocionalmente. E sim, passarei a publicar esses momentos de excepção, sem vergonha.

(Veja um vídeo sobre o tema, clicando aqui.)

A primeira coisa que é importante distinguir é a diferença entre fome e apetite. “Fome refere-se a uma necessidade fisiológica de ingerir alimento, ou seja, o corpo está com falta de combustível para cumprir as suas funções mais básicas e então dá alerta. Há muitos mecanismos de alerta e de controlo da fome, desenvolvidos pelo ser humano ao longo de milhares de anos. “Apetite“, por sua vez, é a vontade de ingerir alimentos, mesmo que não haja uma necessidade real do corpo. O apetite normalmente está direccionado para um ou mais alimentos específico(s) e responde a estímulos internos ou externos, como as emoções (estado de humor, stress, fadiga), o clima, um determinado acontecimento social, familiar e/ou profissional.

É este apetite que nos pode levar a compulsão alimentar.

Outro aspeto importante a referir é que há genericamente dois tipos de pessoas: os “comedores intuitivos” e os “comedores racionais”. Os primeiros respondem de forma quase exclusiva àquilo que o “corpo pede”; não importa se é fome ou apenas apetite, de cada vez que o corpo emite estímulos para ingerir alimento, estas pessoas procuram-no. Já os “comedores racionais” racionalizam os sintomas de fome e apetite, conjugam isso com as aprendizagens e conhecimentos que têm sobre alimentação saudável e só depois decidem se vão ou não ingerir alimentos, quais as escolhas que farão e como o vão fazer.

Ora está claro que o primeiro grupo de pessoas é o que está mais sujeito a episódios de compulsão alimentar. Mas o que despoleta estes episódios? E o que devemos fazer quando acontecem?

A alimentação não se limita a ser apenas uma forma de ingerir nutrientes. É muito mais do que isso: é um acto social, uma forma de convívio, é uma fonte de prazer e de satisfação para os nossos sentidos e pode ser também uma forma de alívio e conforto para as nossas emoções. É, então, fácil perceber que a ingestão de alimentos é influenciada por muitos fatcores, muito mais direccionados para o “apetite” do que para a “fome”. Factores individuais como a capacidade de gestão de stress e conflitos, a capacidade de regulação emocional e o significado emocional atribuído à comida – que vai sendo adquirido ao longo dos anos e começa desde cedo na infância -, são aspectos que vão ditar a nossa gestão alimentar.

Quantos de nós já devoraram um pacote de bolachas ou uma tablete de chocolate enquanto estamos a preparar para um exame/teste, ou parou na confeitaria a caminho de casa em busca de consolo por um dia mau ou ofereceu um doce para animar a neta triste? A comida conforta e este efeito reconfortante está presente em quase todas as fases da vida e em todas as culturas. A fome começa então a surgir quando determinada situação se apresenta e o que comanda o comportamento de ingestão alimentar são as emoções e não as necessidades nutricionais – trata-se de fome emocional. Isto chama-se de fome emocional. Esta fome relaciona-se fortemente a factores psicológicos, podendo constituir uma estratégia para lidar com o cansaço ou o stress, uma forma de ataque ao próprio corpo ou um mecanismo de compensação face a emoções negativas. Para isto escolhem-se alimentos doces e de alto valor energético por serem os que mais agradáveis são para as nossas papilas gustativas e por isso as que geram mais intensamente um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer: a dopamina.

O que fazer?

1. identificar as emoções que geram os episódios de fome emocional e tentar separar a componente física real (fome) da emocional;

2. arranjar um hobbie ou uma atividade física que dê prazer e que lhe dê uma boa dose diária de dopamina;

3. tornar a alimentação mais regular: definir um horário fixo de refeições, planificar a sua alimentação, antecipar possível dificuldades ou problemas e assumi-los;

4. pensar mais sobre aquilo que está a comer, faça um diário alimentar se for necessário;

5. acima de tudo, não atribuir um valor simbólico à comida, usando-a como recompensa ou castigo, substituto de carinho ou conforto: as necessidades emocionais satisfazem-se com sentimentos!