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Ser uma criança livre, com um ambiente equilibrado e pessoas que a acolhem, no seu entorno é tão, mas tão importante!
As crianças têm que ser cuidadas, orientadas, mas sobretudo nutridas: com o alimento (que primeiro vem da mãe) e com amor e estabilidade.
É incrível que, a forma como percepcionamos alguns acontecimentos na nossa infância, – que pode estar tão longe da verdade -, mexa tanto connosco e que essa(s) marca (s) se mantenha(m) tão vivas até à idade adulta ou mesmo até morrermos – porque tantas vezes nem chegamos a ter consciência delas. Essas marcas moldam padrões comportamentais que tantas vezes nos fazem sofrer, de alguma forma há uma parte da nossa vida que “vive no passado” e muitas vezes sem sabermos, sem termos essa consciência.
Quando falo de moldar padrões comportamentais, refiro-me também à alimentação.
Eu acredito que em alguns casos faz sentido revisitar o passado, apenas para identificar situações que criaram em nós comportamentos-padrão em que já não nos revemos mas não compreendemos de onde vêm…
Atenção: faz sentido revisitar apenas para identificar, não reviver e passar ao estado de auto-comiseração e de desatar a culpar “tudo e todos”. Poderemos ter uma conversa com esta ou aquela pessoas que estavam presentes no quadro que recordámos e o perdão é o passo seguinte: a nós e depois a quem eventualmente for também o foco da nossa atenção neste processo.
Então deixaremos de “tapar o sol com a peneira” e passemos a ver e a sentir a verdade. Basta termos
vontade de nos descobrirmos e estaremos prontos para tirar todas as camadas que fomos acumulando ao longo da vida e de nos despirmos para nós mesmos: para nos observarmos em verdade e com amor.
Já acompanhei casos em que um casal tem 2 filhos, um com excesso de peso e um com baixo peso; muitas vezes a solução que encontram é terem na dispensa produtos alimentares diferentes para ambos – ora isto é uma punição para a criança a quem são proibidos os que sabem bem. Também ouvi várias histórias de mães que cresceram com uma má relação com o seu peso e a passam ao filho/a.
São tanta as marcas que ficam, bem vincadas e que modelam comportamentos alimentares mesmo na
idade adulta…

Esta sou eu, pequenita.

Tenho a certeza que fui livre e feliz, que senti o imenso amor dos meus pais, irmãos e avós, … mas descobri há pouco que não tenho essas memórias.

Tenho, sim, memórias do que veio após os 6 anos, com alguns acontecimentos familiares que me fizeram ter que “crescer depressa”.

Acho que foi nessa altura que me tornei cuidadora, que passou a ser essa a minha zona de conforto: cuidar. Ou talvez seja mesmo a minha essência…

Questiono-me se durante anos, quando não tinha consciência de um sem número de coisas que mais tarde senti necessidade de revisitar e outras tantas que fui aprendendo, terá sido “um cuidar” para não ser abandonada ou se está mesmo vincado na minha forma de ser…

Tenho a minha história, que não é melhor nem pior do que a vossa.

Partilho na sequência do último post que fiz, aqui.

Desde muito cedo, de alguma forma, ora era mãe da minha mãe ora ocupávamos, ambas, os lugares certos… tantas vezes invertemos os papéis sem nos apercebermos…

Tenho 5 irmãos, um deles é mais novo e passei longos anos a competir com ele – de forma inconsciente – pela atenção do meu pai. Queria mostrar que era a melhor aluna, quando comecei a trabalhar fazia tudo, nem que precisasse de passar longos meses apenas a respirar, comer, dormir e trabalhar, para mostrar os resultados ao meu pai. Queria reconhecimento e não digo que não fosse importante para o meu ego, mas a primeira coisa que fazia era ligar-lhe. Só tive consciência disto há uns anos; agora olho para trás e vejo sempre a Ana menina (mesmo a adulta, que já trabalhava) a saltitar e a querer mostrar “eu também estou aqui, “eu também sou merecedora da tua atenção e do teu reconhecimento”.

Vamos rir um bocadinho, sabem o que, agora, já num lugar de paz e compreensão, eu me faço lembrar quando recordo? O Chocolate, um pinscher anão que me fez companhia durante algum tempo e que tinha que estar sempre a ver-me. Então, quando eu tomava duche na banheira ele passava o tempo a saltar, para me conseguir ver, para se mostrar, num constante “estou aqui”… e mais um salto “continuo aqui” e outro “estás aí, não te perco de vista e não me abandonas”…

A minha cura veio do meu reencontro comigo, andava tão distraída e tão desconectada de mim, da minha essência. Aconteceu sobretudo quando conheci o meu mestre espiritual @paramahamsa_vishwananda .

Agora sei que cada momento é tão valioso que desperdiçá-lo é uma falta imensa de amor próprio, pelos outros, pelo Universo, pelo nosso Propósito.

Agradeço por ter a oportunidade de aprender e agora me respeitar mais, me acolher, me mimar, me escutar.
Agradeço a Deus e a todos os que me ajudaram a resgatar a Ana mulher-menina que ama viver.

Desde então acredito que é realmente muito importante passarmos algum tempo por dia só connosco, podem ser apenas 5 minutos e no início pode parecer desconfortável mas com o tempo, se formos fiéis a nós mesmos e, mais uma vez, se aceitarmos verdadeiramente a proposta, se fizermos essa proposta a nós mesmos e se a acolhermos, chegaremos, passinho a passinho , a cada dia, a cada “5 minutos”, a um encontro connosco, sem imagem, sem as brincadeiras da mente, mas antes cada vez mais focados no coração.

Assim, a minha relação com a comida, a forma como me alimento, como me nutro, de dentro para fora e de fora para dentro, traduzem a minha natureza – que pode mudar ou sobretudo podemos redescobri-la, destapá-la – provavelmente temos andado a cobrir-nos de camadas e tal reflete-se de imediato a este nível (alimentar/ nutricional).

Aceita que não és perfeito, ninguém é, embora às vezes vejamos quem faça tudo aparentemente de forma tão pensada na perfeição, que parece…, mas só parece! Não acredites. Sê meigo contigo. Dá-te colo. Tu és belo, insubstituível, uma peça única num puzzle imenso que se chama Amor com A maiúsculo. Trabalha o desapego do passado e do futuro, esquece se o teu irmão era mais elegante ou se a tua mãe te dizia para não comeres mais porque estavas gordinho. Esquece os colegas de escola que brincaram com alguma característica tua, física ou não. Só interessas tu, o que tu pensas de ti, o que queres tornar-te. E deitar mãos à obra. Quanto à comida, ela não te comanda, tu comanda-la, assim como, se assumires as rédeas da tua vida, a opinião dos outros, as memórias menos boas, os receios, desaparecem.

Como definir liberdade? Para mim, não há definição mais fiel do que a que sinto quando ando de mota…

Tal como escreveu Cecília Meireles “liberdade” é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.

Todos sentimos tantas, tantas vezes, vontade – senão mesmo necessidade – de nos sentirmos livres. É exactamente o que sinto em cima de uma mota: liberdade pura! Quem já experimentou seguir sem rumo sobre um motor em duas rodas, sabe do que falo.

O primeiro sentimento que me invadiu quando tive a primeira experiência foi algo parecido com medo, mas muito facilmente me rendi à tal sensação de liberdade que consigo descrever mas não definir. Ia atrás, num final de tarde quente, fechei os olhos e imediatamente a ausência de imagem para eles, deu asas a um sem número de imagens na minha mente. A brisa tocava-me no corpo e beijava-me a pele do rosto, das mãos… Parecia-me que voava!
Enquanto seguimos nesta viagem, a cabeça fica leve, o corpo perde o peso… Tudo se transforma num mundo interior leve e somos nós quem escolhe as suas cores.
Como vêem, consigo descrever, mas não definir – repito. É algo que cada um sente de forma diferente, mas creio que há um sentimento comum, de que vos falo aqui: a tal sensação de liberdade!

Como disse, todos precisamos de momentos de liberdade, seja a andar de mota, a dançar, a dar um grito bem alto, a cantar, a correr… Fazem parte do nosso equilíbrio e devemos procurá-los. Seremos, seguramente, mais felizes!
Somos livres quando deixamos aquele pensamento que nos vem massacrando há dias e dias, tentando encontrar uma solução que não depende de nós. Somos livres quando deixamos de dizer “sim” contrariados.
Somos livres quando damos a nossa opinião, mesmo que saibamos que vai contra a de outros, mesmo daqueles que amamos. Somos livres quando não queremos controlar tudo. Somos livres quando não temos que sorrir para quem não gostamos. Somos livres quando fazemos o que amamos. Somos livres quando deixamos fluir. Somos livres quando permitimos que a vida aconteça, simplesmente!