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O jejum surge como uma crescente opção “terapêutica” para a perda de peso mas, apesar de a curto prazo poder oferecer vantagem neste processo, a médio/longo prazo os seus resultados são semelhantes aos de alguém que faz restrição calórica sem jejum associado. Não esqueçamos que os fatores de sucesso para a perda de peso, para além desta restrição, são a capacidade de adesão à dieta instituída e a escolha de alimentos de elevada qualidade (ricos em nutrientes como vitaminas, minerais e fibra). Ou seja, jejuar alguns dias (ou horas) ou restringir a ingestão alimentar diariamente podem ser estratégias eficazes na perda de peso e na prevenção de doenças crónicas.

Mulheres, idosos, crianças ou desportistas tem necessidades nutricionais específicas, pelo que se aconselha cautela adicional na utilização destas estratégias.

Vejam o vídeo completo no Canal Nutrição com Coração️ do Jornal de Noticias – deixo o link:

https://www.jn.pt/artes/especial/videos/jejum-intermitente-uma-opcao-para-emagrecer-explicada-ponto-a-ponto-13362833.html

Desde o início do século passado que os cientistas têm explorado a hipótese de que a redução calórica possa prolongar o tempo de vida das pessoas, bem como a sua qualidade de vida, resultando daí benefícios para a saúde em geral. Desde então, as conclusões associadas à redução de 30-40% da energia consumida mostravam que se podia prolongar a esperança média de vida em cerca de um terço, com uma clara redução também na incidência de doenças e seus factores de risco. Estudos mais recentes, dos últimos dez anos, têm vindo a confirmar e reforçar esta ideia, mostrando resultados na melhoria da sensibilidade à insulina, dos níveis de colesterol e da perda de peso, com regulação do controlo do apetite e da saciedade.

Há, no entanto, várias formas de executar este jejum, sendo duas delas as mais frequentes: o jejum intermitente e o jejum em dias alternados (por exemplo a dieta “5:2”). O que varia entre estes dois métodos é o grau da restrição calórica e o número de dias da semana em que se faz jejum.

 

Não esqueçamos que esta abordagem da perda de peso não deve ser aplicada em todos os casos. É de salientar que nas primeiras 3-6 semanas, os níveis de apetite e de humor, bem como o estado psicológico de forma geral, ficam (bastante) alterados, podendo comprometer o cumprimento da dieta, mas, normalmente, no final desse período, elesregularizam. É, por isso, fundamental que a pessoa esteja totalmente preparada e mentalizada para esta estratégia e consciente do que ela implica.Ultrapassada a tal fase inicial, normalmente a sensação de fome deixa de ser entendida com o carácter de sacrifício e punição e passa a ser um objetivo a atingir e a superar. Poderá de facto ser um aliado muito importante na gestão do peso.

Os estudos atuais não incluem indivíduos diabéticos controlados com medicação, atletas, grávidas, idosos e crianças, que são os grupos de maior vulnerabilidade de controlo glicémico e necessidades nutricionais específicas, pelo que, neles, não se recomenda a utilização desta abordagem.

Também parece claro, pelos estudos realizados até agora, que os resultados das dietas de jejum intermitente ou em dias alternados produzem efeitos de perda de peso e de proteção cardiovascular semelhantes aos de uma simples dieta com restrição/controlo calórico.

 

Mas então, como funciona esta abordagem?

No caso da dieta com jejum em dias alternados, nos dias de jejum (1 ou 2 dias por semana) é permitido que a pessoa ingira entre 500 ou 600 calorias (cerca de 75% de restrição calórica), consoante é mulher ou homem, respetivamente, e nos restantes dias pode comer “livremente”. Entenda-se que este “livremente” deve sempre seguir algumas regras e sobretudo haver bom senso e equilíbrio, pois nos dias de jejum há muitos nutrientes essenciais que não são ingeridos e que devem ser repostos nos dias de não-jejum (vitaminas, proteínas, minerais, gorduras essenciais e fibra). Também é de reforçar que em todos os dias do plano, a hidratação se reveste de especial importância, pois, se nos dias de jejum ajuda não só a hidratar mas também a mascarar a sensação de fome, nos restantes dias auxilia na reposição do funcionamento ótimo do organismo.

Já na dieta com jejum intermitente, a pessoa faz uma restrição calórica na ordem dos 40-50% durante 1 a 3 dias por semana e nos restantes pode comer “livremente”. Deve seguir os mesmos conselhos de hidratação e de ingestão alimentar para os restantes dias.

Numa “simples” dieta de restrição calórica, a restrição ronda um terço das necessidades energéticas em todos os dias da semana.

Não é recomendado que nos dias de jejum (75% de restrição calórica) as pessoas pratiquem atividade física, pelo menos de nível intensivo.

 

Em conclusão, se já tivesse sido descoberto o método ideal de perda de peso, não continuaríamos em busca de novas abordagens. O essencial neste objectivo é que opte pela solução que melhor sirva a sua motivação, a sua preferência e a sua capacidade de a cumprir, pois os resultados poderão, na maioria dos casos, ser muito semelhantes entre as várias opções.

Recentemente o japonês Yoshinori Ohsumi foi galardoado com Prémio Nobel da Medicina 2016, devido aos seus trabalhos na área da “autofagia”. Este termo refere-se a um conjunto de processos celulares, disponíveis no ser humano, que servem para proteger a célula do seu mau funcionamento, do seu envelhecimento e da sua invasão por bactérias, vírus ou outros agentes, da sua degradação ou, mais simplesmente,de todas as situações que a possam colocar sob stress. Por stress celular entendem-se todas as situações descritas anteriormente, mas também a restrição de energia e de nutrientes. A questão que se coloca, é: poderá o jejum ter utilidade na perda de peso?

A proposta deste laureado da Medicina é que sim: durante o jejum de 12-24h, a célula activa os seus mecanismos de autofagia, degradando e alimentando-se dos seus próprios componentes celulares (principalmente proteínas e açúcares) e das células vizinhas. Tal, aliás, está definido no nosso código genético. Mais ainda, tem sido associado este mecanismo a uma maior esperança de vida, ou seja, parece que esta sequência de eventosmotivados por períodos de carência alimentar (bastante comum no homem primitivo), poderá ser favorável no prolongamento do tempo de vida e na prevenção da doença.

A questão mais premente agora é: como executar este jejum da forma mais eficaz?

Há mais de 50 anos que se tem vindo a demonstrar que a redução de 30-40% da energia consumida pode prolongar a esperança média de vida em cerca de um terço, com clara redução também na incidência de doença e factores de risco. Estudos recentes têm vindo a confirmar e reforçar esta ideia, mostrando resultados na melhoria da sensibilidade à insulina, dos níveis de colesterol, na perda de peso e regulação do controlo do apetite e saciedade. Os estudos actuais não incluem indivíduos diabéticos controlados com medicação, atletas, grávidas, idosos e crianças, pois são grupo de maior vulnerabilidade de controlo glicémico e necessidades nutricionais específicas, pelo que nestes grupos de pessoas não se recomenda a utilização desta abordagem. Também parece claro, pelos estudos realizados até agora, que os resultados das dietas de jejum intermitente ou em dias alternados produzem efeitos de perda de peso e de protecção cardiovascular semelhantes aos de uma simples dieta com restrição/controlo calórico.

Jejum versus restrição calórica 

O “jejum” poderá ser em 1 ou 2 dias por semana, em que é permitida uma ingestão entre 500 ou 600 calorias (cerca de 75% de restrição calórica) e nos restantes dias é possível comer “livremente”; ou, noutra modalidade, no jejum intermitente, a pessoa faz uma restrição calórica na ordem dos 40-50% durante 2-4 dias da semana e nos restantes dias pode comer “livremente”. Entenda-se que este “livremente” deve sempre seguir algumas regras pois nos dias de jejum há muitos nutrientes essenciais que não são ingeridos e que devem ser repostos nos dias de não-jejum (vitaminas, proteínas, minerais, gorduras essenciais e fibra). Também é de reforçar que em todos os dias do plano, a hidratação se reveste de especial importância, pois nos dias de jejum ajuda a hidratar, enquanto nos restantes dias auxilia na reposição do funcionamento óptimo do organismo. 

Numa “simples” dieta de restrição calórica, a restrição ronda 30% das necessidades energéticas, em todos os dias da semana.

Fazer jejum ou reduzir a alimentação, o que será ideal?

Ainda não há consenso, mas uma coisa é certa: não é um jejum total e interminável que produz efeitos benéficos, é a diminuição do consumo de energia e nutrientes que estimula a autofagia” e com ela os seus efeitos benéficos. Em relação ao jejum ainda não se sabe a duração e frequência ideal para maximizar os seus efeitos, assim como qual o nível ideal de restrição necessário para este fim.