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Booooooom dia!

Viram esta entrevista que dei à Revista LUX ? Gosto de conversas assim. Com conteúdo e sem segundas interpretações.

“Ana Bravo é, aos 39 anos, uma mulher ‘nova’, que reapren- deu a viver de dentro para fora com a ajuda do seu mestre espiri tual, que conheceu após sofrer um burnout, o ano passado. Paramahamsa Vishwananda inspira-a todos os dias e deu-lhe as ferramentas para desfrutar do amor no seu expoente máximo. É através da meditação, aliada ao exercício físico e a uma alimentação saudável, que a nutricionista do Porto se completa e partilha o seu saber com os seus pacientes. Foi isso que nos contou numa conversa franca e de coração aberto, feita a propósito do lançamento dos novos iogurtes Activia, da Danone. O único tema que preferiu não desenvolver muito foi a relação que está a viver, com alguém cuja identidade prefere não revelar. Sobre a notícia que dá como certo que o estilista Gio Rodrigues é o seu novo amor, Ana Bravo prefere não comentar. Lux – De que forma estes últimos meses mexeram emocionalmente consigo?
Ana Bravo – Todos receamos o in- certo, mas ainda assim não posso dizer que senti medo. O caminho espiritual que sigo ajuda-me a ter uma perspetiva um pouco diferente. Parece clichê, mas realmente aplico-o no meu dia a dia, desde que conheço Paramahamsa Vishwananda não me foco nas encruzilhadas da mente, mas sim no poder do sentir, do coração. Quando percebemos que não controlamos nada e deixamos de permitir que a mente nos autossabote, os medos vão -se e só o amor fica. Nesse estado de puro amor sentimos paz, verdadeira paz. Na quarentena, por ter mais tempo em silêncio, reforcei esse bem-estar interior, aquilo que no meu último livro, que saiu mesmo antes do confinamento, chamo “alimentação do sentir”, pelo que estive, na grande maioria do tempo, em muita paz.
Lux – Sendo nutriconista, é extremista na alimentação?
A.B. – Não, não sou extremista. A alimentação deve, além de servir o seu propósito primordial (nutrir), proporcionar boas sensações. É claro que não faz sentido incluir produtos alimentares com excesso de açúcar e/ou gordura com frequência. O que faz sentido é ir para a cozinha com amor e ver no ato de preparar comida um momento bom. E quanto às exceções, devem ser isso mesmo: momentos raros. Peço sempre, nas primeiras consultas, para que as pessoas não comprometam o seguimento de um plano alimentar se abrirem uma exceção que não contavam. A seguir a um desses momentos faz sentido apenas retomar os cuidados alimentares e não guardar peso na consciência ou sentimento de culpa, mas apenas a recordação do prazer que proporcionou. Assim, não há alimentos proibidos nos meus planos alimentares. O velho ditado ‘nem sempre nem nunca’ adapta-se na perfeição à alimentação.
Lux – Incluir na dieta iogurtes sem açúcar ajuda?
A.B. – Claro que ajuda. Os iogurtes possuem microrganismos vivos benéficos para nós. Activia não é exceção nesse efeito pro- biótico, através de microrganismos vivos que contribuem para a digestão da sua lactose, ajudan- do-nos a sentir bem, de dentro para fora. Além disso, os novos Activia não têm açúcares adicio- nados, têm apenas os naturalmente presentes nos ingredientes que lhes dão origem. Esta nova linha está bem conseguida e mantém o sabor ao adicionar o dobro da fruta ou ao adoçar os produtos de forma natural, com o uso de tâmaras por exemplo.
Lux – Desde a infância a Ana tra- vou várias lutas no campo da alimentação. Qual foi a mais difícil? A.B. – A maioria das minhas brincadeiras com a pessoa que hoje trabalha comigo, a Kiki, aconteciam no meio dos tachos. De facto, já comi a mais, em fases de muita “fome emocional” associada a ansiedade e já comi menos do que devia… O que me marcou mais foi o esforço imenso que fazia para comer nos anos que se seguiram à apendicectomia.
Lux – Foi uma situação grave? A.B. – Na verdade, ia morrendo. Tive uma apendicite aguda diagnosticada tardiamente. Mexeu comigo emocionalmente, porque tinha 6 anos e percebi nos meus avós o que é sentir medo de deixar de ver alguém que se ama. Os meus pais estavam fora.

Lux – Hoje parece estar bem com o seu exterior. Sempre teve uma boa relação com o seu corpo ou foi mudando com os anos?
A.B. – Na verdade, todos temos uma parte de que gostamos menos. Desde a morte prematura do meu irmão tive muitas alterações hormonais e inevitavelmente o corpo mudou um pouco. Confesso que, mesmo sendo um pouco vaidosa, tal não mexeu comigo… Acredito mesmo que cada um de nós deve ter respeito por si e gostar da imagem que o espelho lhe devolve. Sobretudo desde que vivo em equilíbrio com o que trago dentro, o que vejo passou a ser uma extensão desse equilíbrio. Sinto-me bem.
Lux – O exercício físico é fundamental para esse bem-estar?
A.B. – É, completamente! Faço aulas de treino funcional com a Sara Garrido e de Pilates com a Rita Campos, já há uns anos. Tenho duas hérnias na coluna e esta equipa ajuda-me a manter-me sem qualquer mal-estar. Como as aulas são partilhadas com todos, nas redes, três vezes por semana, agora são ainda mais desafiantes e motivadoras.
Lux – No seu último livro, mostra-se como é, sem a ideia falsa de perfeição. Foi um lavar da alma para si?
A.B. – O livro é o resultado dos últimos anos de mergulho em mim mesma. Após esse período de descoberta interior cheguei à conclusão de que não faz sen- tido partilhar apenas a vida cor-de-rosa, sem antes ajudar as essoas a perceber o que vai dentro delas e as liga à comida e à forma como se alimentam. Se pretendo ajudar, o que faz sentido é desmanchar um pouco esse cenário aparentemente perfeito e vestir-me de mim, até mesmo expor-me, partilhando uma parte da minha vida que sinto poder ser útil a muita gente.
Lux – Fala também no burnout que sofreu o ano passado. A mor- te do seu avô e do seu irmão, depois, aos 35 anos, conduziram a Ana a uma situação limite?

A.B. – As minhas crenças espirituais quanto à morte sempre foram muito claras e não ficaram abaladas com a morte de pessoas que amo. O que aconteceu é que não me permiti fazer nenhum dos dois lutos no momento certo, porque na altura ainda achava que era uma supermulher e que vivia apenas para cuidar dos outros. Assim, enquanto a minha família não se levantou, dei-lhes colo e esqueci-me de mim. Mais tarde, aprendi com muito sofrimento que ninguém passa impunemente por situações de dor: há que sofrer e não tentar ‘mascarar’ esse sofrimento, por exemplo carregando-nos de afazeres ‘para não pensar’. Se não encararmos de frente o que nos magoa, se não sofrermos no momento certo, se guardamos coisas que temos de verbalizar, mais cedo ou mais tarde o nos- so corpo exteriorizará esse mal-estar que carregamos – e que é tão pesado – manifestando-se até fisicamente. Então, fiz dois lutos tardios e no caso do meu irmão foi mesmo doloroso. Ele estava na Argélia e estivemos um mês à espera do corpo… Quem passaria impunemente por isto? Ninguém. Agora respeito-me e sofro o que tenho a sofrer, até conseguir naturalmente ‘encaixar o tema na gavetinha certa’ e poder seguir sem carregar esse peso. Percebo agora, sobretudo com os meus pacientes e todas as pessoas que me têm procurado através das redes sociais e do blog, que todos carregamos demasiados pesos. Tento ajudar nessa libertação.
Lux – Que sinais o seu corpo lhe deu na altura, de que algo não estava bem?
A.B. – Com o burnout sentia muitas tonturas, sobretudo a caminhar – parecia que punha os pés em nuvens – tinha de parar e apoiar-me em algo. A privação de sono ia enfraquecendo o meu corpo cada vez mais e a dificuldade de concentração foi-se agra- vando. Com isto, a ansiedade por não controlar o meu corpo ia dando cada vez mais sinais…

Lux – Esqueceu-se de si própria durante vários anos?
A.B. – Esqueci, fazendo algo que amo. Ou seja, passei longos anos a cuidar dos meus sem me questionar muito acerca de mim, às vezes, a ‘fazer das tripas coração’ para me manter de pé, firme. Sempre senti que nasci para cuidar. Agora aprendi a também ser cuidada e é maravilhoso! E sim, posso cair… Levanto-me assim que esteja preparada!
Lux – O caminho espiritual que tem feito foi transformador? A.B. – Desde que me lembro, sempre procurei o meu caminho espiritual. Eu sabia que o tratamento não passava por tomar medica- mentos, mas sim por mergulhar nesse caminho. Então, fui para a natureza e, a pouco e pouco, consegui reencontrar esse pon- to de total quietude que existe dentro de cada um de nós. Desde que o meu mestre espiritual, Paramahamsa Vishwananda, me encontrou, o amor flui em tudo o que faço e sinto necessidade de o partilhar com os outros. Lux – Que mulher é hoje?
A.B. – Sou uma mulher cheia de amor, que está a fazer o seu caminho, passo a passo, guiada, ouvindo cada vez mais o coração e acalmando a mente. Sinto verdadeiramente um amor que nunca tinha sentido antes e de facto a necessidade de o partilhar é imensa!
Lux – Antes do burnout soube que podia ter dificuldades em concretizar o sonho de ser mãe. Foi um murro no estômago?

A.B. – Foi. Dos maiores que já senti. E mesmo assim, na altura em que me foi dada a notícia, não parei muito para pensar nela.
Lux – Quão forte é o seu desejo de ser mãe?
A.B. – Desde menina que tenho o grande desejo de ser mãe. Há cerca de quatro anos, o meu médico percebeu que eu tinha uma reserva ovárica baixa e chegou o dia em que me confrontei com a possível dificuldade em vir a ser mãe. Comecei por negar, por não falar do assunto, e só algumas semanas depois me permiti chorar. Chorei dias seguidos. Todas as minhas brincadeiras de miúda passavam pela cozinha, a preparar comida para os meus Nenucos, os meus filhos. A minha maior alegria aconteceu quando tinha 8 anos: deram-me um bebé a sério, lindo! O meu irmão passou a ser o centro da minha vida.
Lux – Fez algo para que esse sonho não passasse disso mesmo? A.B. – Quando, finalmente, procurei uma solução viável enquanto a minha vida não estava estruturada para poder tentar ser mãe,
descobri a criopreservação. Recorri a este método duas vezes, e o impacto hormonal foi grande, mas, na altura, com as informações que tinha, fez-me sentido. Sinto que, de alguma forma, me serenou saber que tenho ovócitos ‘congelados’. Não sei se repetiria este processo. Entretanto, a minha busca por mais informação e outras opiniões não cessou, e há dados novos.
Lux – Viver uma relação sólida, ter filhos é algo que gostava que já tivesse acontecido ou aceita os timings que a vida tem reserva- dos para si?
A.B. – Aceito puramente a vida tal como ela é. Sei que tudo vem no momento certo. Assumo que, neste momento, sinto que estou mais próxima do que nunca para consolidar uma família com a pes- soa maravilhosa que está ao meu lado e, sim, ter filhos.
Lux – O que procura num homem para estar a seu lado?
A.B. – Amor! Puro amor. Não o amor interesseiro, que dá para receber. E tenho-o! Tenho ao meu lado alguém que respeita o meu caminho espiritual e, mais do que isso, o sente. É bom, é muito bom! “

Imagem e texto – revista LUX

Esta Revista VIP saiu no sábado (da semana passada), mas ainda não tinha partilhado porque não faz sentido partilhar algo que não podemos obter… Ou seja, não queria que seja quem fosse quebrasse o isolamento social para a ir adquirir. Entretanto o director executivo da revista explicou-me que há formas de a obter online…

Beijinhos para todos!

Há algum tempo dei uma entrevista a uma jornalista da Revista Sábado, cujo trabalho já conhecia e admirava. Desconhecia que o título seria “Os Bloggers Portugueses Mais Influentes”, o que me deixou muito orgulhosa. Naturalmente foi publicada uma pequena parte dessa entrevista. Como descreve o meu trabalho de forma fiel, resolvi partilhar também o que não foi publicado.

 

  1. Como é que surgiu a ideia de criar um blogue? Surgiu por alguma razão em especial?

Na verdade faltava um espaço onde pudesse escrever mais. Receitas, artigos, tudo o que completaria no dia a dia a página de Facebook e Instagram da Nutrição com Coração. Faltava uma forma de chegar aos meus pacientes, mas não só, a todos aqueles que se defrontam com a angústia de quererem melhorar os seus hábitos alimentares e não conseguem. E este é um canal privilegiado para o fazer.

 

  1. Porquê o nome Ana Bravo Nutrição? (Bravo é o seu apelido verdadeiro, certo?)

Sim, Bravo é um dos meus apelidos. Bravo da Conceição. Chama-se Ana Bravo – Nutrição com Coração” e começou porque tinha que dar nome a uma página de Facebook que criei, por brincadeira, numa das muitas viagens entre Lisboa e Porto, onde dou consultas. Tinha muitas mensagens na minha página pessoal de pessoas que queriam saber o que comia eu afinal ao pequeno-almoço, lanche… Em vez de responder uma a uma, decidi criar a página para o fazer, para quem o quisesse seguir. Cheguei ao Porto, deviam ser umas 22h, activei a página e só olhei para ela às 6h do dia seguinte, quando me levantei para treinar. Para minha surpresa já tinha mais de 5000 seguidores. Claro está que o nome se manteve e é agora uma marca forte. “Nutrição com Coração” faz todo o sentido, porque amo o que faço e procuro transmitir conhecimentos na minha área, com esse amor.

 

  1. Segue escrupulosamente a dieta que divulga no blogue?

Escrupulosamente não. Eu devo passar bons exemplos e dar as ferramentas às pessoas que lhes possam facilitar a vida no sentido de terem uma alimentação saudável e equilibrada. Não fará sentido publicar por exemplo uns quadrados de chocolate ou ensinar a fazê-lo porque eu tive vontade de comer num dia de maior cansaço ou carência. Já pensei nisso, em publicar as minhas excepções, mas acho que em nada vai ajudar as pessoas, pelo que o fiz muito raramente. Em todo o caso, não sou fundamentalista, não há “alimentos proibidos” nos meus planos alimentares. O velho ditado “nem sempre nem nunca” adapta-se na perfeição à alimentação. Há outro ainda: devemos adaptar a alimentação à nossa vida e não a vida à alimentação. Eu sigo esta filosofia.

 

  1. O que diferencia esta dieta das demais e quais as vantagens dela?

Creio que é justamente a capacidade de perceber o que as pessoas são e nós somos o que comemos, mostrando depois caminhos que as ajudem sem que a forma como nos alimentamos passe de repente a ser uma via sacra para o calvário. Ou seja: as pessoas não deixam de ser o que são, enveredando por dietas loucas. Apenas aprendem a comer de forma diferente.

 

  1. Com quem testa as receitas? A sua família e amigos também seguem a dieta?

Tenho a imensa sorte de poder ter comigo na empresa Nutrição com Coração uma das minhas grandes amigas de sempre. Conheço-a desde o dia em que nasci. A Kiki é licenciada em biologia e tem muito jeito para a cozinha, por isso é para lá que vamos juntas e testamos as nossas receitas. Sim, uma parte da família e amigos seguem as minhas indicações.

 

  1. Que cuidados tem com a sua alimentação para manter a silhueta perfeita? Sempre seguiu esta dieta?

Procuro ingerir alimentos o mais possível no seu estado natural, evito mesmo os alimentos processados. Evito o açúcar e o sal de adição, bem como as gorduras de má qualidade. Na minha casa nunca preparei um frito. Sou transmontana e por isso consigo uma parte dos melhores ingredientes lá e a outra parte adquiro na zona dos biológicos, no Bio & Narural.

 

  1. Alguma vez teve excesso de peso ou sempre foi elegante?

Nunca tive excesso de peso, mas houve uma altura em que me deparei com a necessidade de resistir às tentações de uma terra tão rica em tradição gastronómica como são Vila Real ou Chaves, onde estudei.

 

  1. As receitas que vemos fotografadas são preparadas na cozinha de sua casa?

Muitas sim, outras no estúdio Nutrição com Coração, que fica em Vila Real, onde mora a Kiki e onde me desloco sempre que consigo.

 

  1. Que cuidados tem na apresentação dos pratos? É um fotógrafo profissional a tirá-las?

Eu adoro decorar cenários, preparar as fotografias. As fotografias são tiradas por nós, por mim e pela Kiki. São momentos descontraídos, de muitas gargalhadas. Tenho a imensa sorte de trabalhar neste ambiente de boa disposição. Todos adoramos o que fazemos. Somos já 5 pessoas a trabalhar nesta paixão que é a Nutrição com Coração.

 

  1. Qual a sua esfera de influência enquanto blogger de nutrição?

Creio que assenta essencialmente num trabalho de credibilidade e seriedade que foi sendo conquistado ao longo de anos. Mas que não se fica apenas pela profissão. As pessoas procuram-me porque acreditam na validade do que digo e faço, seja nas pequenas coisas do dia a dia, seja nas mais sérias. Porque o meu rigor e forma de estar na vida pautam-se sempre por essa linha de prumo que tracei.

 

  1. As receitas são inventadas por si?

São, por mim e pela Kiki.

 

  1. Qual a receita com mais sucesso e porquê?

As mousses e os soufflés têm muito sucesso. Penso que as pessoas vêem neles formas simples e rápidas de ter um miminho doce sem a culpa das calorias e dos maus ingredientes.

 

  1. Pode explicar a fórmula da sua dieta ser saborosa e saudável?

Só usamos ingredientes que fazem bem, mas não basta misturá-los, temos que conseguir fazê-lo nas quantidades certas, de forma a ter um produto final com um sabor, consistência e textura que agradem. Às vezes temos que testar a mesma receita umas três vezes até conseguir o que queríamos.

 

  1. Através do blogue já conseguiu lançar tendências de nutrição? Por exemplo, os seus seguidores passarem a adoptar determinados ingredientes que até então desconheciam?

Sim, sem duvida! Eu ensino a usar novos ingredientes com interesse nutricional, como o teff ou o amaranto, por exemplo, dando-lhes um cariz muito prático, muito usável para o dia a dia.

 

  1. Que ingredientes costuma usar?

Todos os bons, naturais, desde os mais comuns aos que poucos conhecem.

 

  1. Quais são as suas influências gastronómicas?

As raízes. Os cheiros da casa das avós. A forma como na família se ama a cozinha.

 

  1. Costuma cozinhar por gosto, diariamente, ou só o faz para o blogue?

Costumo, sim. Adoro comer – e quem não gosta? – mas cozinho, para mim, sempre muito rápido. Adoro misturar ingredientes felizes, como lhes chamo, aqueles que fazem bem.

 

  1. Desde quando começou a gostar de cozinhar? Teve formação de culinária ou é uma autodidacta?

Fui vendo a minha mãe lá em casa e depois fui testando. A Kiki é uma ajuda incrível, uma inspiração, juntas chegamos às melhores receitas. Aliás, olhando para trás, sempre foi assim, as nossas melhores brincadeiras de infância aconteciam à volta da nossa cozinha e dos nossos cozinhados. Guardo as melhores memórias no meio dos tachos.

 

  1. Há figuras públicas a seguirem a sua dieta?

Há sim, das que tenho autorização para falar, a Rita Pereira e a Carolina Deslandes, por exemplo.

 

  1. Fale-me um pouco da secção os Bravos. São seguidores do blogue ou pacientes seus? Quantos tiveram resultados de sucesso e qual deles foi o caso mais impressionante de perda de peso? (aqui agradeço que relate o caso, o peso antes e depois e o que mudou na vida da pessoa em questão)

Nessa secção as pessoas usam a sua experiência, que partilham, para incentivar outras pessoas a mudar a sua alimentação com ou sem outro objectivo associado. A perda de peso é, normalmente, o que as pessoas mais procuram. A maior parte dos “Bravos” que quiseram dar a cara são meus Pacientes, mas também há seguidores que nunca acompanhei na consulta. Recebo diariamente mensagens privadas lindas, de pessoas que não querem partilhar a sua experiência publicamente, mas fazem-no comigo.

Ha alguns Pacientes que me marcaram, num dos casos porque sei que lhe mudei a vida e a tornei uma pessoa muito mais feliz e no outro porque a pessoa me ensinou muito. No primeiro caso, ela – uma mulher – não conseguia lidar com o seu corpo, tinha uma visão distorcida da imagem que o espelho lhe devolvia. Tratava-se de um caso de ortorexia, em que as saídas e os convívios sociais tinham sido praticamente eliminados, com o receio de não conseguir comer bem fora de casa. Resultado: tinha uma vida muito solitária, o que preocupava muito os pais, cuja relação também já estava a degradar-se. Com o tempo, juntas, fomos descobrindo passo a passo a melhor forma de a fazer ver a alimentação saudável de forma natural, sem obsessões. Entretanto começou a namorar e teve um filho lindo. É uma pessoa diferente, feliz. Quanto ao outro caso, eu tinha terminado o estágio e estava a trabalhar num local público, onde havia uma lista de espera para a consulta de nutrição. Foi então que tive um Paciente que voltava à consulta de mês a mês sem resultados e parecia não estar muito interessado com a questao. Como havia uma lista de espera extensa, decidi que na consulta seguinte iria ganhar coragem e dizer-lhe que tínhamos de parar e que quando estivesse pronto para o começar a cumprir o plano alimentar, regressava. Nessa consulta, olhei para ele e estava diferente, visivelmente mais magro. Perguntei-lhe o que tinha acontecido e explicou-me que não estava numa fase emocional que permitisse começar o plano alimentar com rigor. Acabou por perder 30 quilos e continua a ir à minha consulta há 13 anos, agora de meio em meio ano. Eu aprendi que desistir de um Paciente está fora de hipótese. O meio envolvente, todo o nosso entorno familiar, de trabalho, etc, condiciona as nossas decisões e também a forma como nos alimentamos.

 

  1. Até agora, qual foi o post que mais gostou de fazer? E porquê? O que é que nunca pode faltar nas publicações?

Adorei falar sobre “ maturidade alimentar”, um conceito simbólico que criei para descrever o que tantas pessoas sentem em momentos de carência emocional, cansaço, tristeza. A comida é uma compensação e é importante que as pessoas percebam que esse é um ponto comum, que não se sintam fracas porque estavam a cumprir um plano alimentar e sem pensar comeram um pacote de bombons ou bolachas, por exemplo… importante mesmo é ensinar a gerir esses momentos e o que vem a seguir, sem olhar para trás. Como em todas as áreas da vida, não há idade para adquirir a tal “maturidade alimentar”, mas quanto mais cedo, melhor, naturalmente.

 

  1. Já existiram momentos em que não lhe apetecia mesmo nada escrever para o blogue, mas tinha que o fazer? Como surgem as ideias e que disciplina cumpre para actualizar o blogue?

As ideias surgem-me a toda a hora. Posso acordar a meio da noite e escrever, ter que sair do duche mais do que uma vez para anotar algo de que me lembrei e me parecesse interessante para o blog ou ver uma notícia que faz sentido desenvolver… não consigo parar e mesmo nas férias tenho mil ideias que vou anotando para depois pôr em prática. Bom, a verdade é que raramente consigo esperar e por isso vou fazendo, escrevendo e cozinhando, de tal forma que temos sempre uma média de 10 publicações pendentes.

 

  1. O que é que os seus seguidores costumam dizer-lhe acerca das receitas? Qual foi a mensagem que mais a impressionou? E qual foi a pior mensagem ou comentário que lhe fizeram? Como lida com as críticas?

Tenho a admiração e sobretudo o respeito dos meus seguidores, felizmente. Recebo mensagens privadas de muito carinho, muitas vezes com relatos na primeira pessoa de casos de sucesso. Ou porque passaram a ter consciência alimentar, ou porque aliado a isto também perderam peso, ou porque melhoraram numa determinada patologia… é gratificante, faz-me chorar de alegria.

Os comentários negativos aconteceram quando criei a página de Facebook. Fui pioneira, a primeira nutricionista a fazê-lo em Portugal e por isso fui muito criticada.

 

  1. Qual é a receita para criar um blogue de culinária de sucesso?

O meu blogue não é só de culinária saudável, é de Nutrição. Tem muitos artigos e dicas. Penso que o segredo é trabalhar, trabalhar, trabalhar e por isso faz sentido gostar muito do que se faz. Eu adoro a Nutrição e a Comunicação e sinto-me abençoada por poder juntar ambas!

 

  1. Como faz a gestão de conteúdos? Teve formação especializada na área ou aprendeu a gerir o blogue sozinha? Tem referências de bloggers? Se sim, quais?

Como disse, os conteúdos vão surgindo tanto para falar de temas da actualidade no que respeita à Nutrição, como para responder a questões de seguidores. Também nas consultas percebo algumas dúvidas ou dificuldades das pessoa e procuro ajudar com publicações específicas. Não tenho referências… foi uma aprendizagem de autodidata, como dizem os ingleses, aprender fazendo, vendo também o que de melhor e mais científico se faz lá fora.

 

  1. É agenciada ou tem algum assessor que a ajuda a rentabilizar o blogue? Se sim, pode explicar a importância desta parceria?

Sim, o blogue tem a acessoria da Blog Agency, que existe sobretudo para me ajudar na forma como lido com as inúmeras parcerias que querem fazer.

 

  1. Como é que o seu blogue se distingue dos demais na mesma categoria?

Pela simplicidade. Pelo rigor. Pela busca constante de novidades. Mas sobretudo por eu saber muito bem quem são as pessoas que me procuram, o que me ajuda a escrever para elas.

 

  1. É possível viver só do blogue? Estamos a viver um boom na blogosfera? Está na moda ser blogger?

Não sei, o meu blog tem um ano e meio e quando o criei a marca Nutrição com Coração já era forte. Como disse, o objetivo nunca foi viver da blogosfera, foi aproveitar a blogosfera como meio de chegar às pessoas que me procuram.

 

  1. Quantas horas diárias dedica ao blogue?

É difícil quantificar. Tenho uma clínica a que dedico a maior parte do meu tempo e por isso o blog fica para os intervalos entre consultas e para a primeira hora após acordar.

  1. Em 2018 tenciona fazer algum upgrade no blogue ou projectos paralelos decorrentes da visibilidade dele?

Desde que o blog foi criado já alterámos a sua organização algumas vezes, de forma a facilitar a sua consulta pelas pessoas. Já pensei várias vezes em passar a ter fotografias profissionais, mas acabo por desistir porque percebo que as pessoas gostam da minha forma de comunicar. Tal como no meu último livro “Sem Culpa, Com Sabor”, em que todas as fotos de pratos foram tiradas por mim e/ou pela Kiki, vamos continuar a fazê-lo tanto nas redes sociais como no blog. O objectivo é que as pessoas percebam que vão conseguir reproduzir o que veem, não defraudar as suas expectativas. Sem Photoshop e sem demasiados artifícios. Vamos melhorando o nosso estúdio e o material que usamos para fotografar, mas dificilmente deixarei de ser eu a fotografar desta forma mais Amadora e “caseira”.

 

  1. Dedica-se em exclusivo ao blogue ou concilia com consultas de nutrição?

Tenho uma clínica no Porto, trabalho Com o Dr ibérico Nogueira em Lisboa, também dou consultas no El Corte Inglés, nos SAMS e tenho 2 empresas. Tenho sociedade numa cadeia de restauração My’Kai Poké Bowls e muito em breve vou lançar a minha própria linha de produtos alimentares. Tenho ainda uma App e um Canal Nutrição com Coração no Jornal de Notícias online.

 

  1. Que perspectivas de carreira lhe trouxe o blogue? Por exemplo a nível de livros ou outros projectos paralelos.

Os meus livros já existiam. O blogue, se me ajuda a chegar às pessoas, também ajuda as pessoas a chegarem até mim. O que me dá um manancial de projetos, livros, procura de receitas e de soluções adequadas a cada um, conhecer melhor os anseios e necessidades de pessoas.

 

  1. De que forma é que o seu blogue se torna lucrativo? Há anunciantes interessados em fazer publicidade nele ou outras fontes de receita.

Sim, há marcas interessadas, mas confesso que faço uma triagem apertada e só aceito mesmo o que me faz sentido. Como já tinha uma estrutura forte, não dependo do blogue e por isso posso seleccionar apenas as marcas com as quais me identifico puramente, que são muito poucas.

 

  1. Quanto custa inserir publicidade no seu blogue?

Depende.

 

  1. É reconhecida na rua? Já deu autógrafos? O blogger equipara-se a uma celebridade?

Sim, sou e sim, às vezes dou autógrafos. Mas, sendo gratificante quando acontece, essa não é de todo a parte relevante do que faço.

 

  1. Que cuidados teve no grafismo do blogue e nas fotografias? Tem colaboração de profissionais? Se sim, quem são e desde quando recorre a eles?

Não, não tenho ajuda. Eu adoro essa parte, meto o bedelho em tudo e só descanso quando está exactamente como tinha em mente. Nos livros, no blog, na minha clínica, em todos os meus projectos.

 

  1. Até quando perspectiva a existência do blogue?

Enquanto for esse instrumento de aproximação e de conhecimento dos leitores e dos pacientes.

 

Pode ler também em: http://www.sabado.pt/vida/detalhe/como-os-novos-lideres-de-opiniao-conjugam-o-verbo-blogar?ref=HP_DestaquesPrincipais