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A dieta da célebre cantora Adele tem despertado muita curiosidade. Todos vimos alguma foto ou notícia acerca da sua redução drástica de peso, de mais de 45 kg. Na verdade esta dieta não é novidade, já é praticada há alguns anos.

Talvez a primeira celebridade a divulga-la tenha sido a Pipa Middleton, aquando do seu casamento há cerca de 3 anos.

A dieta da célebre cantora Adele tem despertado muita curiosidade ultimamente. Todos vimos alguma foto e notícia acerca da sua redução drástica de peso: cerca de 45 ou mais quilos. Na verdade esta dieta não é novidade nenhuma, já é praticada há alguns anos. Talvez a primeira celebridade a praticá-la  (e divulgar publicamente) tenha sido a Pipa Middleton, aquando do seu casamento há cerca de 3 anos, mas o livro que promove os conceitos associados a esta abordagem de perda de peso (The SirtFood Diet) foi já publicado no início de 2016.

     Em que se baseia então? Ora, o termo sirtfoods, cunhado pelos autores do livro, refere-se a um conjunto de alimentos que, supostamente, ativam uma proteína no organismo (a sirtuína), que regula um gene relacionado com o metabolismo, a resposta inflamatória, o envelhecimento e morte celular, a neuroprotecção, a reparação do código genético (ADN), etc. No entanto, a sirtuína na verdade não é apenas uma, mas sim uma família de 7 proteínas (enzimas) reguladoras destes mecanismos, e nem todas funcionam do mesmo modo, tal como nem são ativadas nem inibidas pelos mesmos compostos. Aliás, um composto pode inibir uma sirtuína e ativar outra. Quando começaram a ser descobertas estas substâncias, há mais de 10 anos, claro que a comunidade científica se dedicou a investigar tudo o que pudesse existir sobre o tema, e a indústria farmacêutica a testar todos os compostos possíveis para melhor regular estas substâncias e controlar os seus efeitos no organismo. Cerca de 1000 artigos científicos por ano têm sido escritos sobre o tema nos últimos 3-4 anos. O potencial de impacto na saúde humana é imenso tendo em conta que são precisamente as doenças crónicas e degenerativas que predominam no contexto atual, ou seja, aquelas que diariamente corroem o normal funcionamento do corpo, envelhecem, estragam e destroem as células e nos “forçam” a manter vivos à custa de medicamentos e mais medicamentos.

    Quais os princípios desta dieta? Baseia-se numa lista limitada de alimentos possíveis, em 2 fases temporais, e numa contagem mais ou menos rigorosa de calorias por dia. A lista de alimentos disponíveis encontra-se enumerada na seguinte tabela.

FRUTASHORTÍCOLASBEBIDASLEGUMINOSASTEMPEROSOUTROS
Frutas cítricas (limão, laranja, toranja, lima, tangerina, cidra) Maçãs Uvas Morangos Mirtilos Tâmaras Abacate CocoAlho Salsa Hortaliças de folhas verdes Cebolas roxas Alcaparras Rúcula Aipo TomateVinho tinto Chá verde Água CaféSojaAzeite virgem extra AçafrãoChocolate negro Trigo sarraceno Nozes Iogurte natural magro Carnes brancas (ex. peito de frango) Pescado

      Desta listagem pode-se inferir que há um grande investimento na promoção de alimentos ricos em resveratrol (um ativador de uma das sirtuínas) e outros antioxidantes, equilíbrio entre gordura saturada e insaturada, riqueza em fibra, vitaminas e minerais. Há um acentuado desinvestimento nos hidratos de carbono, aparecendo apenas o trigo sarraceno como fonte dos mesmos. O ponto alto desta abordagem centra-se na possibilidade de ingestão de vinho tinto e chocolate (ainda que recomendado apenas nas versões mais concentradas de cacau: >70%), alimentos tão apetecíveis pela população geral e normalmente excluídos de um processo de perda de peso.

      Nos primeiros 3 dias da primeira semana, deve-se ingerir 3 batidos verdes e 1 refeição mais completa, com estes alimentos; nos restantes dias dessa semana, altera-se para 2 batidos e 2 refeições. Não se pode exceder as 1000 calorias por dia (metade do que normalmente o ser humano necessita). Na segunda semana, o total calórico não pode exceder as 1500 calorias por dia e o plano resume-se a 3 refeições completas e 1 batido verde por dia. A partir desta semana, pode-se permanecer neste regime indefinidamente e inclusivamente pode-se voltar à primeira fase (1 semana) sempre que assim se entender. Há liberdade para conjugar os alimentos listados acima, nas ditas refeições, da forma que melhor convier, tal como se podem combinar de forma variada os hortícolas nos batidos verdes.

    Muitos dos princípios desta dieta são semelhantes aos da dieta mediterrânica, tal como o princípio base de qualquer processo de perda de peso: ingerir menos calorias do que as que o corpo necessita. Neste caso, apontam-se estes alimentos como os milagrosos que vão mexer com o gene do emagrecimento (ou rejuvenescimento), mas a evidência científica ainda não permite definir claramente essa relação causa-efeito; apesar do que qualquer celebridade possa confirmar pela sua nova silhueta. É uma dieta muito restritiva, principalmente na 1ª semana, e limitada na variedade de alimentos permitidos por isso não é qualquer um que a consegue aderir e tolerar a mesma. A esta dieta associa-se a prática de exercício físico diário, nomeadamente ioga ou pilates.

Em resumo, nenhum dos alimentos desta dieta á prejudicial à saúde (exceto o vinho, que, existindo, não deve ultrapassar 1-2 copos/dia), pelo que é uma dieta segura de se cumprir, mas os seus efeitos a longo prazo nunca foram investigados em seres humanos!

A imagem foi retirada de: https://nit.pt/fit/alimentacao-saudavel/a-dieta-intensa-e-controversa-que-ajudou-adele-a-perder-45-quilos

Há já uns meses veio a público a dieta da polémica Kim Kardashian. 

Tal dieta permitiu à estrela de televisão emagrecer cerca de 30kg em alguns meses, após o aumento de peso que tinha sofrido durante a gravidez. 

Que se saiba, Kim não sofre de nenhuma doença crónica (diabetes, hipertensão, colesterol, etc.), pelo que poderia “arriscar na abordagem alimentar a seguir para atingir o objetivo único de perder peso. Nunca se pode esquecer que num processo de perda de peso o corpo continua a necessitar de nutrientes essenciais (vitaminas, minerais, fibras, água e antioxidantes), pelo que a alimentação não se pode seguir uma alimentação “à toa”.

Alguns estudos recentes têm sugerido que diferentes abordagens nutricionais têm um resultado muito semelhante em termos de perda de peso, mas que se pode conseguir uma taxa de adesão diferente consoante o perfil psicológico e emocional das pessoas, ao mesmo tempo que algumas poderão ser mais adequadas para quem sofre de doenças crónicas, como as citadas acima, ou outras. Assim, Kim Kardashian seguiu a abordagem descrita abaixo, mas poderia ter optado por outras, com idêntico sucesso.

A Dieta seguida por Kim foi a Dieta de Atkins. Trata-se de uma dieta genericamente descrita por ser percentualmente muito reduzida em hidratos de carbono (10-25% das calorias), elevada em proteínas e gorduras. Teoricamente uma dieta destas não tem restrição de calorias, pois o elevado teor de proteína e gordura possui um efeito tão saciante que as pessoas acabam por não tolerar grandes quantidades de alimentos, ficando a dieta autolimitada a 1300-1600 calorias por dia. Os hidratos de carbono são essencialmente provenientes de lacticínios (queijo e iogurte), frutos gordos (nozes, avelãs, amêndoas), sementes e hortícolas. A fruta fresca é reduzida a uma peça por dia, assim como os frutos gordos/sementes a uma porção por dia, também. Para além destes alimentos, a dieta é composta por pescado, carnes e derivados e ovos. Estas fontes de proteína estão distribuídas entre o pequeno-almoço, o almoço e o jantar.

Nas primeiras semanas de restrição em hidratos de carbono, o combustível do corpo passa a ser a gordura (em vez dos açúcares), fazendo com que, apesar do elevado conteúdo em gordura desta dieta, esta não faça aumentar o colesterol ou engordar, aliás acontece o oposto. A perda de água é um dos principais motivos de perda de peso no início, mas este facto vai-se atenuando ao longo do tempo. É importante manter uma boa ingestão de água e ser activo (fazer cerca de 20-30 minutos por dia de exercício de intensidade moderada) para compensar também alguma perda de músculodieta evolui: a restrição de hidratos de carbono é grande na primeira fase, mas estes vão sendo reintroduzidos ao longo do tempo, até entrar na fase de manutenção do peso. Pela redução em cereais e derivados e tubérculos, produtos processados (bolachas, biscoitos, etc.), enlatados e embalados e bebidas açucaradas, esta dieta é naturalmente isenta de glúten e reduzida em sal e açúcares refinados. Advém daqui uma importante redução de nutrientes perigosos para a saúde. Desconhecem-se, no entanto, os efeitos do excesso de proteína e gordura a longo prazo (>20 anos), pois os estudos científicos têm um tempo reduzido (acompanham os participantes por períodos inferiores a 5 anos).

Em resumo, a dieta de Atkins, tal como outras abordagens alimentares, tem um grande potencial para perda de peso, melhoria de algumas doenças crónicas e redução de factores de risco cardiovascular, desde que devidamente organizada e monitorizada para que seja rica em nutrientes e se evitem desequilíbrios nutricionais.