Há alguns alimentos que não constam na Roda dos Alimentos, por terem características nutricionais que não permitem que se encaixem em nenhum dos seus grupos. Neste e em posts futuros abordarei alguns.
O abacate e o coco, apesar de serem frutos, não estão na Roda dos Alimentos.
🥑 O abacate é uma fruta fresca, mas apresenta um teor de gordura e de proteína muito elevados, principalmente de gordura, nutriente esse que os restantes frutos apresentam em quantidades vestigiais.
🥥 Quanto ao coco, é considerado um produto com diversas utilidades, pois pode ser separado em várias partes (algumas comestíveis, outras não) com composições nutricionais bastante variadas: a água de coco é rica em açúcares, água, vitaminas e minerais, e a parte branca é sólida, bem mais seca e rica em gordura. Deste fruto ainda se produz o leite de coco, que é obtido através do processamento da parte branca do coco ralado com água quente, para extracção da gordura e dos compostos voláteis.
Assim percebemos que estes alimentos, apesar de serem biologicamente denominados frutos, não são nutricionalmente comparáveis aos restantes da Roda dos Alimentos.
A Roda dos Alimentos sugere-nos a ingestão de 3 a 5 peças de fruta por dia, com o peso médio de 160g.
Nos planos alimentares que prescrevi durante os primeiros anos da minha prática clínica, toda a comida tinha um peso descrito, incluindo a fruta:
“Uma peça de fruta refere-se a: 1 maça pequena (80 gramas), 1 pera média (120 gramas) 1 kiwi (120 gramas), 24 cerejas, 1 laranja pequena (100 gramas), 2 tangerinas pequenas, 4 ameixas, 6 nesperas, 1 chávena almoçadeira de morangos (200 gramas), 12 bagos de uvas, 1 talhada de melão ou meloa ou melancia (240 gramas), meia banana (50 gramas).”
Ao longo do tempo, com o relato de muitos pacientes, fui percebendo que “andar com a balança atrás” torna o acto de comer mais uma tarefa e lhe subtrai prazer. É claro que há excepções e por exemplo no caso de diabéticos tipo 1, há que saber qual o peso de cada fruta que corresponde a determinada quantidade de hidratos de carbono. Ora para uma pessoa saudável, o bom senso parece-me o essencial: devemos comprar maçãs e pêras médias (não as que parecem quase meloas), comer 1/2 papaia, 1/4 de mamão… Se os kiwis forem pequenos (como habitualmente são os de agricultura biológica), 2 farão a conta certa. Já nas ameixas, 2-4 conforme o tamanho. 1 chávena serve bem para quantificar os frutos vermelhos e até mesmo as uvas. Quanto ao abacate, por ser bastante mais calórico, usemos metade (ou 1 daqueles bem pequenos, como são habitualmente os de agricultura biológica) e também o podemos usar como fonte de gordura para barrar o pão ou numa salada, se gostarmos ou quisermos variar, como tempero, em vez de outra gordura. Mas, já agora, o abacate é uma excepção, como um outro fruto, de que falarei brevemente.
Assim, sugiro que usemos o bom senso e sem perdermos a conta ao que comemos (que acontece facilmente por exemplo quando começamos a comer uvas e temos dificuldade em parar), incluamos a fruta no nosso dia-a-dia sem que tal seja mais um exercício rigoroso de cálculos, ou seja, mais uma tarefa num dia já tão atribulado.