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A primeira coisa que é importante distinguir é a diferença entre fome e apetite. “Fome refere-se a uma necessidade fisiológica de ingerir alimento, ou seja, o corpo está com falta de combustível para cumprir as suas funções mais básicas e então dá alerta. Há muitos mecanismos de alerta e de controlo da fome, desenvolvidos pelo ser humano ao longo de milhares de anos. “Apetite“, por sua vez, é a vontade de ingerir alimentos, mesmo que não haja uma necessidade real do corpo. O apetite normalmente está direccionado para um ou mais alimentos específico(s) e responde a estímulos internos ou externos, como as emoções (estado de humor, stress, fadiga), o clima, um determinado acontecimento social, familiar e/ou profissional.

É este apetite que nos pode levar a compulsão alimentar.

Outro aspeto importante a referir é que há genericamente dois tipos de pessoas: os “comedores intuitivos” e os “comedores racionais”. Os primeiros respondem de forma quase exclusiva àquilo que o “corpo pede”; não importa se é fome ou apenas apetite, de cada vez que o corpo emite estímulos para ingerir alimento, estas pessoas procuram-no. Já os “comedores racionais” racionalizam os sintomas de fome e apetite, conjugam isso com as aprendizagens e conhecimentos que têm sobre alimentação saudável e só depois decidem se vão ou não ingerir alimentos, quais as escolhas que farão e como o vão fazer.

Ora está claro que o primeiro grupo de pessoas é o que está mais sujeito a episódios de compulsão alimentar. Mas o que despoleta estes episódios? E o que devemos fazer quando acontecem?

A alimentação não se limita a ser apenas uma forma de ingerir nutrientes. É muito mais do que isso: é um acto social, uma forma de convívio, é uma fonte de prazer e de satisfação para os nossos sentidos e pode ser também uma forma de alívio e conforto para as nossas emoções. É, então, fácil perceber que a ingestão de alimentos é influenciada por muitos fatcores, muito mais direccionados para o “apetite” do que para a “fome”. Factores individuais como a capacidade de gestão de stress e conflitos, a capacidade de regulação emocional e o significado emocional atribuído à comida – que vai sendo adquirido ao longo dos anos e começa desde cedo na infância -, são aspectos que vão ditar a nossa gestão alimentar.

Quantos de nós já devoraram um pacote de bolachas ou uma tablete de chocolate enquanto estamos a preparar para um exame/teste, ou parou na confeitaria a caminho de casa em busca de consolo por um dia mau ou ofereceu um doce para animar a neta triste? A comida conforta e este efeito reconfortante está presente em quase todas as fases da vida e em todas as culturas. A fome começa então a surgir quando determinada situação se apresenta e o que comanda o comportamento de ingestão alimentar são as emoções e não as necessidades nutricionais – trata-se de fome emocional. Isto chama-se de fome emocional. Esta fome relaciona-se fortemente a factores psicológicos, podendo constituir uma estratégia para lidar com o cansaço ou o stress, uma forma de ataque ao próprio corpo ou um mecanismo de compensação face a emoções negativas. Para isto escolhem-se alimentos doces e de alto valor energético por serem os que mais agradáveis são para as nossas papilas gustativas e por isso as que geram mais intensamente um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer: a dopamina.

O que fazer?

1. identificar as emoções que geram os episódios de fome emocional e tentar separar a componente física real (fome) da emocional;

2. arranjar um hobbie ou uma atividade física que dê prazer e que lhe dê uma boa dose diária de dopamina;

3. tornar a alimentação mais regular: definir um horário fixo de refeições, planificar a sua alimentação, antecipar possível dificuldades ou problemas e assumi-los;

4. pensar mais sobre aquilo que está a comer, faça um diário alimentar se for necessário;

5. acima de tudo, não atribuir um valor simbólico à comida, usando-a como recompensa ou castigo, substituto de carinho ou conforto: as necessidades emocionais satisfazem-se com sentimentos!

Author

Nutricionista: amante do tipo de cozinha que procura aliar saúde aos melhores sabores; Mulher: apaixonada pela verdadeira beleza das coisas mais simples; Objectivo: ser feliz na medida do possível, gostar de mim todos os dias e ajudar quem me segue, nesse mesmo caminho.

1 Comment

  1. fatima pereira Reply

    Bem, realmente ao ler estou a “ver” o que faço….

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